A desnutrição infantil triplicou na Faixa de Gaza desde março, quando o cessar-fogo foi rompido. O alerta é da UNRWA, a agência da ONU para refugiados palestinos. Segundo Philippe Lazzarini, representante da agência, os números são alarmantes e resultam da análise de quase 100 mil crianças em clínicas locais ao longo dos últimos seis meses, período em que a ofensiva israelense foi intensificada.
Na Cidade de Gaza, o principal foco da ofensiva atual, Lazzarini afirmou que “quase uma em cada três crianças está subnutrida”, um aumento de seis vezes em relação ao período anterior ao cessar-fogo. O representante da UNRWA classificou a situação como “evitável”, causada pela fome e não por um desastre natural. Ele fez um apelo para que medidas políticas revertam o bloqueio à entrada de ajuda humanitária.
Consequências do conflito e crise humanitária
A guerra, que se iniciou com o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, já deixou um saldo de mais de 62 mil mortos na Faixa de Gaza. O Ministério da Saúde local estima que 269 pessoas, incluindo 112 menores de idade, tenham morrido de fome.
Organizações como a ONU já classificaram a situação como uma grave crise humanitária, com mais de 2,1 milhões de pessoas enfrentando “fome catastrófica”. A falta de acesso à ajuda, causada pelo bloqueio de agências humanitárias, tem sido um fator crucial para o aumento da desnutrição. No final de 2024, uma comissão especial da ONU acusou Israel de usar a fome como arma de guerra, uma denúncia que também foi levada ao Tribunal Internacional de Justiça pela África do Sul.