Os Estados Unidos cancelaram, nesta sexta-feira (15), os vistos de entrada da esposa e da filha, de 10 anos, do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. O próprio ministro já estava com o visto vencido. O ato faz parte de uma série de revogações de vistos americanos de funcionários do governo brasileiro, ligadas à implementação do programa Mais Médicos.
O Departamento de Estado dos EUA também revogou os vistos de Mozart Julio Tabosa Sales, secretário de Atenção Especializada à Saúde, e de Alberto Kleiman, ex-assessor do Ministério da Saúde. O secretário de Estado, Marco Rubio, justificou as revogações afirmando que os servidores teriam contribuído para um “esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano” através do programa.
Entenda o contexto
Alexandre Padilha era ministro da Saúde em 2013, quando o Mais Médicos foi criado no governo de Dilma Rousseff. O programa tinha como objetivo levar profissionais de saúde a áreas remotas e com carência de médicos. Entre 2013 e 2018, médicos cubanos participaram do programa por meio de uma cooperação com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Os Estados Unidos mantêm um rígido bloqueio econômico a Cuba há mais de 60 anos, e o governo americano considera a exportação de médicos como uma forma do regime cubano obter recursos. Padilha defendeu publicamente o programa, que, segundo ele, “sobreviverá aos ataques injustificáveis de quem quer que seja”.
O programa de cooperação médica de Cuba já atendeu 165 nações ao longo da história. No governo de Jair Bolsonaro, o acordo com a Opas foi encerrado. O programa foi reformulado e ampliado em 2023, no atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva, com o nome “Mais Médicos” e prioridade para profissionais brasileiros, incluindo outras áreas da saúde, como enfermagem e odontologia.