Cinco jornalistas da Al Jazeera e um repórter freelancer foram mortos em um ataque israelense na Faixa de Gaza. O ataque, que ocorreu perto do Hospital Al-Shifa, atingiu a equipe que estava em uma tenda. O canal de televisão, sediado no Catar, confirmou as mortes, que têm gerado condenação por parte de jornalistas e grupos de defesa dos direitos humanos.
Um dos profissionais falecidos é Anas Al-Sharif, de 28 anos. As forças israelenses alegam que ele era um líder do Hamas disfarçado de repórter. Essa tese, no entanto, já havia sido refutada pelas Nações Unidas e pela própria Al Jazeera.
Acusações de Israel e Defesa da Al Jazeera
Em comunicado, as Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmaram que Al-Sharif era o líder de uma célula do Hamas e era responsável por ataques com mísseis. A acusação foi baseada em documentos que teriam sido encontrados em Gaza. Em outubro de 2024, as IDF já haviam nomeado Al-Sharif como um dos seis jornalistas de Gaza que seriam membros do Hamas.
A Al Jazeera “rejeitou categoricamente a caracterização dos jornalistas como terroristas pelas forças de ocupação israelenses” e classificou o ataque como uma “tentativa desesperada de silenciar vozes” em Gaza. O canal descreveu Al-Sharif como “um dos jornalistas mais corajosos de Gaza”. Outros jornalistas mortos foram identificados como Mohammed Qreiqeh, Ibrahim Zaher e Mohammed Noufal.
Condenação Internacional e Impacto na Liberdade de Imprensa
Grupos de defesa da liberdade de imprensa e especialistas da ONU têm criticado duramente a ação. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) afirmou que Israel não apresentou provas para sustentar as acusações e que este padrão “levanta sérias questões sobre sua intenção e respeito pela liberdade de imprensa”, segundo Sara Qudah, diretora do CPJ.
O Conselho de Relações Americano-Islâmicas (CAIR) também condenou os assassinatos. O diretor executivo Nihad Awad chamou a ação de um “crime de guerra”, afirmando que “o assassinato desses jornalistas da Al Jazeera não é um acidente ou um dano colateral”. Segundo ele, faz parte de uma política para “esconder a verdade sobre o genocídio que Israel está cometendo em Gaza”.
O governo de Israel não permite a entrada de órgãos internacionais da comunicação social em Gaza, o que torna a cobertura dos repórteres locais ainda mais crucial.