Moçambique receberá as primeiras doses de um antirretroviral (ARV) de nova geração e baixo custo para o tratamento do HIV. O medicamento, chamado TLD, é o primeiro desse tipo a ser produzido na África, especificamente nos laboratórios da farmacêutica Universal Corporation Ltd (UCL), no Quênia. A informação foi divulgada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na segunda-feira, 4 de agosto.
Essa iniciativa é uma parceria entre diversos países e fabricantes, com o apoio do Fundo Global. Em 2023, a UCL foi o primeiro laboratório africano a receber a pré-qualificação da OMS para produzir o TLD — uma combinação de dolutegravir, lamivudina e tenofovir — que é a terapia de primeira linha recomendada pela agência.
Fortalecimento da Cadeia de Saúde Africana
A aquisição do medicamento para Moçambique é um marco importante para fortalecer os sistemas de saúde e as cadeias de abastecimento no continente. Segundo a diretora de HIV da OMS, Meg Doherty, isso contribuirá para que as pessoas que vivem com HIV tenham acesso ininterrupto a medicamentos.
A OMS ressalta que, embora a produção local seja um passo crucial, é preciso mais ações para garantir a sustentabilidade, como “compromissos de mercado avançados, políticas de compras justas e apoio técnico contínuo”. A organização defende que fabricantes africanos sejam priorizados nas cadeias de abastecimento globais.
Cenário do HIV em Moçambique
Moçambique enfrenta uma alta incidência de HIV/Aids, com mais de 40% por mil habitantes. O governo tem a meta de reduzir essa taxa para 13% por mil habitantes até 2029, com foco na juventude, conforme o Programa Quinquenal do Governo (PQV) 2025-2029.
A OMS destaca que, até agora, o acesso a tratamentos na África Subsaariana dependia quase inteiramente da importação de medicamentos e testes. A produção local, como a do TLD, é vista como um catalisador para a soberania em saúde e o acesso equitativo a tratamentos.