A Bolívia se prepara para as eleições gerais do dia 17 de agosto de 2025, em um cenário político marcado pela divisão da esquerda e pela liderança da direita nas pesquisas de intenção de voto. O mega empresário Samuel Medina é o favorito, enquanto o ex-presidente Evo Morales, que está pregando o voto nulo, e seu ex-aliado Andrónico Rodríguez não alcançam os dois dígitos nas pesquisas.
O país andino, que tem cerca de 12 milhões de habitantes e faz fronteira com o Brasil, vai eleger presidente, vice-presidente, 130 deputados e 36 senadores. A fragmentação do Movimento ao Socialismo (MAS), que governa o país desde 2006, pode marcar o fim de quase duas décadas de governos de esquerda.
O Racha na Esquerda e a ascensão da Direita
O racha no MAS se aprofundou com o retorno do ex-presidente Evo Morales do exílio. Impedido de se candidatar, Morales passou a fazer oposição ao governo de seu ex-aliado Luis Arce, que por sua vez desistiu da reeleição e indicou um candidato com baixa aprovação. Os bloqueios de rodovias em junho, em apoio à candidatura de Evo, resultaram em ao menos quatro mortes.
O professor de sociologia Clayton Mendonça Cunha Filho, da Universidade Federal do Ceará (UFC), afirmou que a ambição de Evo implodiu o partido. A pesquisa do jornal El Deber, publicada em 3 de agosto, mostra os candidatos da direita, Samuel Medina e Jorge “Tuto” Quiroga, somando cerca de 47% das intenções de voto.
Um Possível Segundo Turno Inédito
Para vencer no primeiro turno, um candidato precisa de 50% dos votos mais um, ou 40% dos votos com uma diferença de 10 pontos percentuais sobre o segundo colocado. Caso os resultados das pesquisas se confirmem, a Bolívia pode ter um segundo turno inédito em 19 de outubro.
Samuel Medina, líder nas pesquisas, é um mega empresário que já foi ministro nos anos 90 e concorreu à presidência duas vezes. Jorge “Tuto” Quiroga é outro político tradicional da direita boliviana, que já foi vice-presidente e ocupou o cargo de presidente interinamente. A eleição de um governo de direita sob o modelo de “Estado Plurinacional” da Constituição de 2009 será um teste para a institucionalidade boliviana, como aponta o professor Cunha Filho.