O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, restaurou a independência das duas principais agências anticorrupção do país nesta quinta-feira, 31 de julho de 2025, em Kiev. A medida visa conter uma crise política que abalou a confiança em sua liderança em meio à guerra e gerou preocupação entre os parceiros ocidentais. A decisão de Zelensky é uma resposta a protestos massivos e à pressão de autoridades europeias.
Manifestações e Pressão Internacional
Milhares de manifestantes tomaram as ruas de Kiev e outras cidades nos últimos dias. O descontentamento popular surgiu após parlamentares, liderados pelo partido de Zelensky, aprovarem emendas que destituíam as agências anticorrupção na semana anterior.
Zelensky recuou após os protestos e, crucialmente, sob a pressão de importantes autoridades europeias. Elas alertaram que a Ucrânia estava colocando em risco sua candidatura de adesão à União Europeia (UE) ao restringir os poderes de suas autoridades anticorrupção. A erradicação da corrupção e o fortalecimento do Estado de direito são requisitos essenciais para a entrada de Kiev na UE, algo considerado fundamental pelos ucranianos em sua defesa contra a invasão russa.
Nova Lei Sancionada
Nesta quinta-feira, Zelensky sancionou um novo projeto de lei, pouco depois de os parlamentares o aprovarem por unanimidade (331 a 0). O presidente afirmou que a nova lei “garante a ausência de qualquer tipo de influência ou interferência externa”. No aplicativo de mensagens Telegram, ele declarou: “A Ucrânia é uma democracia – definitivamente não há dúvidas”.
A lei sancionada reverte as emendas anteriores, que concediam ao promotor-geral (escolhido pessoalmente por Zelensky) o poder de transferir casos para fora das agências e de realocar promotores. Críticos argumentaram que a medida anterior tinha como objetivo proteger aliados de Zelensky de processos judiciais.
As manifestações persistiram mesmo após Zelensky apresentar o novo projeto de lei na semana passada. Centenas de pessoas se reuniram perto dos escritórios presidenciais em Kiev na noite de quarta-feira, gritando “Vergonha!” e “O povo é o poder!”. Ativistas também se reuniram perto do Parlamento antes da votação, aplaudindo após a aprovação da nova medida. Parlamentares da oposição, como Yaroslav Yurchyshyn, agradeceram aos ucranianos por terem impedido as autoridades de darem “um passo em direção ao abismo” da autocracia, com alguns inclusive exibindo cartazes semelhantes aos dos manifestantes no Parlamento.