Delegações da Ucrânia e da Rússia voltam à mesa de negociações nesta quarta-feira, 23 de julho de 2025, em Istambul. O objetivo é discutir um cessar-fogo no conflito, mas a esperança de um acordo é remota. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, alertou que não se esperam “progressos milagrosos”.
Posicionamentos distantes
Esta é a terceira rodada de negociações diretas na Turquia. Ela ocorre sob pressão do presidente norte-americano, Donald Trump, que deu a Moscou 50 dias para um acordo, sob pena de sanções. Contudo, as posições de ambos os lados parecem irreconciliáveis.
Peskov ressaltou que defenderão os interesses russos. Ele indicou que, embora o tema seja complexo, acordos sobre troca de prisioneiros ou devolução de corpos já seriam um resultado. Ele também afirmou que há muito trabalho antes de reuniões de alto nível, após o pedido de Volodymyr Zelensky, presidente ucraniano, por um encontro com [Vladimir] Putin.
Tentativas anteriores
As negociações anteriores, em maio e junho, tiveram pouco progresso. Elas resultaram apenas em trocas de prisioneiros e corpos de soldados mortos. Zelensky indicou que espera discutir novas trocas e o repatriamento de crianças ucranianas.
Diferenças cruciais
Dmitry Peskov enfatizou que as posições de Kiev e Moscou são “diametralmente opostas”. A Rússia exige que a Ucrânia ceda quatro regiões ocupadas, além da Crimeia, anexada em 2014. Também pede que a Ucrânia renuncie a armas ocidentais e à adesão à Otan.
Essas condições são inaceitáveis para a Ucrânia. Kiev exige a retirada das tropas russas, garantias de segurança ocidentais, continuidade do fornecimento de armas e o envio de um contingente europeu. A Ucrânia e seus aliados europeus insistem em um cessar-fogo de 30 dias, o que Moscou recusa.
Delegações
Zelensky anunciou que Rustem Umerov, ex-ministro da Defesa e atual secretário do Conselho de Segurança, liderará a delegação ucraniana. Moscou não divulgou sua equipe. Nas negociações anteriores, a delegação russa foi chefiada por Vladimir Medinsky.
Conflito continua
Apesar das negociações, a guerra na Ucrânia prossegue. O Ministério russo da Defesa informou que sistemas de defesa aérea destruíram 33 drones ucranianos durante a noite em seis regiões. A maioria dos ataques ocorreu em Tula e Rostov.
Este ataque ocorreu após a Rússia ter lançado um dos maiores ataques contra a Ucrânia na noite de segunda para terça-feira. A Força Aérea da Ucrânia relatou 426 drones e 24 mísseis lançados. Uma criança de dez anos morreu e mais de 20 pessoas ficaram feridas nestes ataques.