O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reiterou nesta sexta-feira, 18 de julho de 2025, sua ameaça de impor uma tarifa de 10% sobre as importações dos membros do Brics. Ele afirmou que o grupo “acabaria muito rapidamente” se “realmente se formassem de modo significativo”, sem nomear os países específicos. “Nunca podemos deixar ninguém brincar conosco”, declarou Trump.
Além da ameaça tarifária, o presidente norte-americano também reforçou seu compromisso em preservar o status global do dólar como moeda de reserva. Ele prometeu “nunca permitir a criação de uma moeda digital de banco central nos Estados Unidos”. A nova tarifa de 10% foi anunciada por Trump em 6 de julho, com a justificativa de que seria aplicada a qualquer país que se alinhasse com as que ele chamou de “políticas antiamericanas” do Brics.
Brics como Refúgio para a Diplomacia Multilateral
Em um cenário onde fóruns como o G7 e o G20 têm sido impactados por divisões e pela abordagem “EUA em primeiro lugar” de Trump, o grupo Brics tem se posicionado como um refúgio para a diplomacia multilateral. Desde que a ameaça foi feita, Trump tem repetidamente alegado, sem apresentar provas, que o grupo foi criado para prejudicar os Estados Unidos e o papel do dólar como moeda de reserva mundial. Os líderes do Brics, por sua vez, rejeitaram essa alegação de que o grupo seria antiamericano.
Embora o Brasil tenha rejeitado, em fevereiro, planos de pressionar por uma moeda comum durante sua presidência este ano, o Brics está avançando no desenvolvimento de um sistema de pagamento internacional, conhecido como Brics Pay. Esse sistema visa facilitar o comércio e as transações financeiras em moedas locais entre os países membros.
O Brics, que inicialmente incluía Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, expandiu-se no ano passado, incorporando membros como Irã e Indonésia. Durante a cúpula do grupo no Brasil, os líderes expressaram críticas indiretas às políticas militares e comerciais dos EUA. Além da ameaça ao Brics, Trump também mirou especificamente o Brasil, anunciando uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras para os EUA, com início previsto para agosto, e lançando uma investigação separada sobre o que Washington chamou de práticas comerciais “injustas” do Brasil.