Pelo menos 21 pessoas morreram em um centro de distribuição de ajuda humanitária em Khan Younis, no Sul da Faixa de Gaza, nesta quarta-feira, 16 de julho de 2025. Destas, 15 óbitos foram causados por asfixia devido ao gás lacrimogênio disparado contra palestinos que buscavam comida. O Ministério da Saúde do território informou o ocorrido.
“Pela primeira vez, foram registradas mortes por asfixia e pela intensa debandada de cidadãos nos centros de distribuição de ajuda”, declarou o Ministério da Saúde de Gaza. Eles acusaram o exército israelense e os Estados Unidos de cometerem “deliberadamente” “massacres contra o povo faminto de forma sistemática”.
Causas das Mortes e Acusações
A Fundação Humanitária de Gaza (GHF), que gerencia o centro, havia anunciado que pelo menos 19 vítimas foram pisoteadas e uma foi esfaqueada. Isso ocorreu “na sequência de uma debandada caótica e perigosa, impulsionada por agitadores na multidão”. A fundação acrescentou ter “razões plausíveis para acreditar” que a agitação foi provocada por elementos afiliados ao Hamas.
No final de maio, Israel levantou o bloqueio de dois meses imposto à Faixa de Gaza. Desde 26 de maio, a distribuição de ajuda, antes liderada pelas Nações Unidas, foi confiada à GHF. Esta é uma organização apoiada pelos Estados Unidos e por Israel.
Críticas à Fundação Humanitária de Gaza (GHF)
A ONU e as principais organizações humanitárias se recusam a trabalhar com a GHF. Elas alegam que a fundação serve a objetivos militares israelenses e viola princípios humanitários básicos. As Nações Unidas classificaram o modelo de ajuda da GHF como “inerentemente inseguro” e descrevem os locais de distribuição como “armadilhas mortais” devido aos constantes relatos de violência.
Desde que a GHF começou a operar, há relatos quase diários de palestinos mortos enquanto buscavam ajuda. Testemunhas afirmam que a maioria foi baleada pelas forças israelenses. O gabinete de direitos humanos das Nações Unidas registrou pelo menos 875 mortes nas últimas seis semanas perto de locais de distribuição de ajuda humanitária em Gaza, a maioria próxima aos pontos da GHF.
Até hoje, a GHF negava qualquer incidente mortal perto de seus locais de distribuição. A fundação acusava a ONU de usar números “falsos e enganosos” do Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas.
Os centros de distribuição se tornaram uma das poucas vias para a população de Gaza conseguir alimentos. Contudo, muitos saem de mãos vazias, pois a comida disponível é insuficiente. A GHF afirma ter distribuído mais de 1,2 milhões de embalagens com alimentos desde 27 de maio. Cada caixa, segundo a organização, alimenta 5,5 pessoas por três dias e meio. Isso significaria que, em mais de um mês e meio, a organização teria abastecido cerca de 218.500 pessoas de uma população de 2,1 milhões.