A prorrogação do prazo para a imposição de tarifas pelos Estados Unidos está prolongando a incerteza e a instabilidade no cenário global. O alerta foi feito nesta terça-feira, 8 de julho de 2025, por Pamela Coke-Hamilton, diretora executiva do Centro Internacional de Comércio (ITC, da sigla em inglês) das Nações Unidas, em Genebra.
Na segunda-feira, 7 de julho, o presidente dos EUA, Donald Trump, intensificou sua guerra comercial. Ele informou a 14 países, incluindo Japão e Coreia do Sul, que enfrentarão tarifas significativamente mais altas a partir de 1º de agosto, caso não cheguem a um acordo. “Essa medida, na verdade, prorroga o período de incerteza, prejudicando os investimentos de longo prazo e os contratos comerciais, além de criar mais incerteza e instabilidade”, afirmou Pamela Coke-Hamilton a repórteres.
A diretora do ITC destacou o impacto negativo da falta de clareza sobre os custos. “Se uma empresa não tem clareza sobre os custos que irá pagar, não pode planejar, não pode decidir onde irá investir”, explicou, citando o exemplo de Lesoto, onde empresas exportadoras de têxteis suspenderam investimentos aguardando a definição das tarifas. Essa incerteza, combinada com cortes na ajuda ao desenvolvimento, cria um “choque duplo” para países em desenvolvimento.
Negociações entre Japão, Coreia do Sul e EUA
Japão e Coreia do Sul afirmaram nesta terça-feira, 8 de julho, que buscarão intensificar as negociações com os Estados Unidos para mitigar o impacto das tarifas. O principal negociador comercial do Japão, Ryosei Akazawa, informou ter conversado por 40 minutos com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e ambos concordaram em manter as negociações ativas. No entanto, Akazawa ressaltou que o Japão não sacrificará seu setor agrícola — um forte lobby político — em prol de um acordo rápido, buscando concessões para sua grande indústria automobilística.
Já a Coreia do Sul declarou que planeja intensificar as negociações comerciais nas próximas semanas para “chegar a um resultado mutuamente benéfico”. Questionado sobre a rigidez do prazo de 1º de agosto, Donald Trump indicou na segunda-feira que, embora o prazo seja “firme”, há alguma flexibilidade caso os países busquem uma abordagem diferente.