As negociações para um cessar-fogo em Gaza entre Israel e o grupo militante palestino Hamas, que estão acontecendo no Catar, podem superar as divergências existentes, mas um acordo pode levar mais do que alguns dias para ser finalizado. A declaração foi feita por autoridades israelenses nesta terça-feira, 8 de julho de 2025, em Doha.
A nova tentativa de mediadores dos Estados Unidos, Catar e Egito para interromper os combates na Faixa de Gaza ganhou impulso desde domingo (6). Foi quando os dois lados iniciaram conversas indiretas em Doha, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, partiu para Washington. Netanyahu se reuniu nesta segunda-feira (7) com o presidente dos EUA, Donald Trump, que havia expressado a expectativa de que um cessar-fogo e um acordo sobre reféns pudessem ser alcançados ainda nesta semana. O líder israelense tem um encontro agendado com o vice-presidente J.D. Vance nesta terça-feira.
A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, informou ontem que o enviado de Trump, Steve Witkoff, que teve um papel crucial na elaboração da proposta de cessar-fogo, viajará para Doha esta semana para se juntar às discussões.
Proposta de Cessar-Fogo e Principais Obstáculos
A proposta de cessar-fogo prevê a libertação gradual dos reféns, a retirada das tropas israelenses de partes de Gaza e debates sobre o fim total da guerra. O Hamas tem exigido há tempos o fim completo da guerra antes de libertar os reféns restantes. Israel, por sua vez, insiste que não concordará em encerrar a luta até que todos os reféns sejam libertados e o Hamas seja desmantelado. Acredita-se que pelo menos 20 dos 50 reféns restantes em Gaza ainda estejam vivos.
Fontes palestinas indicaram na segunda-feira que há diferenças entre as partes em relação à entrada de ajuda humanitária em Gaza. Autoridades israelenses de alto escalão, em entrevista a jornalistas em Washington, disseram que a finalização dos acordos em Doha pode demorar, mas não entraram em detalhes sobre os pontos de atrito. Outra autoridade israelense, no entanto, afirmou que houve progresso.
O ministro israelense Zeev Elkin, membro do gabinete de segurança de Netanyahu, expressou que há uma “chance substancial” de que um cessar-fogo seja acordado. “O Hamas quer mudar algumas questões centrais, não é simples, mas há progresso”, declarou ele à emissora pública israelense Kan nesta terça-feira.
Contexto do Conflito e Crise Humanitária
A guerra em Gaza começou em 7 de outubro de 2023, quando militantes liderados pelo Hamas invadiram Israel, resultando na morte de cerca de 1.200 pessoas e na captura de 251 reféns levados para Gaza.
A campanha subsequente de Israel contra o Hamas em Gaza já causou a morte de mais de 57 mil palestinos, segundo as autoridades de saúde locais. Além disso, o conflito deslocou quase toda a população de mais de 2 milhões de pessoas, provocou uma grave crise humanitária no enclave e deixou grande parte do território em ruínas.