Cientistas anunciaram nesta quarta-feira (2) a primeira captura visual dos restos de uma estrela que explodiu duas vezes antes de sua completa destruição. A descoberta, realizada com o Very Large Telescope no Chile, confirma uma teoria de longa data sobre anãs brancas e é crucial para entender a expansão do Universo e a origem de elementos como o ferro. Os resultados foram publicados na revista científica Nature Astronomy.
Entendendo a Dupla Explosão de Anãs Brancas
A estrela observada era uma anã branca, um remanescente estelar denso de estrelas semelhantes ao Sol. Essas estrelas “mortas” podem ter novas explosões ao absorver material de estrelas próximas. “As explosões de anãs brancas desempenham um papel crucial na astronomia”, explicou Priyam Das, líder da pesquisa. “Elas nos ajudam a entender a expansão do Universo e são responsáveis pela criação do ferro que existe em nosso planeta, incluindo o ferro em nosso sangue.”
O processo da dupla explosão ocorre quando a anã branca, em órbita próxima de outra estrela, acumula material em sua superfície. Essa camada externa se torna instável e explode, gerando uma onda de choque que viaja através da estrela, desencadeando uma segunda e mais intensa detonação no seu centro, resultando na destruição completa da anã branca.
Ivo Seitenzahl, outro pesquisador envolvido, ressaltou que a descoberta fornece “uma indicação clara de que as anãs brancas podem explodir muito antes de atingirem o famoso limite de massa de Chandrasekhar, e que o mecanismo de ‘dupla detonação’ ocorre de fato na natureza.”
Evidências e Implicações para a Cosmologia
A pesquisa analisou os restos da supernova SNR 0509-67.5, que explodiu centenas de anos atrás. Utilizando equipamentos especiais, os cientistas identificaram duas camadas distintas de cálcio nos destroços, que servem como “impressão digital” das duas explosões.
Essas explosões de anãs brancas, conhecidas como “supernovas Tipo Ia”, são importantes “faróis cósmicos” para os astrônomos, pois brilham com uma intensidade consistente, permitindo o cálculo de distâncias no espaço. Foi utilizando supernovas Tipo Ia que pesquisadores descobriram a aceleração da expansão do Universo, uma descoberta que rendeu o Prêmio Nobel de Física em 2011.
Com esta nova evidência, os pesquisadores esperam aprofundar o estudo sobre como esses objetos explodem, o que pode aprimorar a precisão das medições cósmicas.