O Ministério russo da Defesa acusou, nesta terça-feira (27), a Ucrânia de intensificar os ataques aéreos na Rússia “com o objetivo de travar o processo de negociação” entre os dois países. O presidente ucraniano, por sua vez, alertou que a Rússia está preparando novas ofensivas terrestres e reforçou as defesas aéreas, depois de ter sido alvo de ataques aéreos maciços russos nos últimos três dias.
“Por iniciativa da Federação Russa, foi retomado em Istambul, na Turquia, há cerca de dez dias, o diálogo direto entre a Rússia e a Ucrânia sobre a solução pacífica do conflito”, informou o ministério russo em comunicado.
“Ao mesmo tempo, o regime de Kiev, com o apoio de alguns países europeus, tomou uma série de medidas provocatórias com o objetivo de interromper o processo de negociação”, acrescentou, afirmando que, desde 20 de maio, a Ucrânia “aumentou os seus ataques com recurso a drones e mísseis” contra instalações civis na Rússia. Moscou afirmou que os recentes ataques na Ucrânia foram “uma resposta a ataques maciços de drones ucranianos” contra civis russos.
O Ministério russo da Defesa disse ter abatido 99 drones ucranianos na última noite. A Rússia, por sua vez, lançou 60 drones contra a Ucrânia durante a noite, deixando pelo menos dez feridos, segundo as autoridades de Kiev.
Entre sábado (24) e segunda-feira, a Rússia lançou três ataques aéreos maciços utilizando aeronaves não tripuladas e mísseis, resultando em mais de uma dúzia de mortes em toda a Ucrânia. Só na noite de domingo, a Força Ucraniana disse que a Rússia lançou um número recorde de 355 drones, tendo deixando 13 mortos, incluindo três crianças da mesma família.
Essa onda de ataques russos levou o presidente norte-americano, Donald Trump, a endurecer a sua postura em relação Moscou, afirmando que o presidente russo, Vladimir Putin, ficou “absolutamente louco”.
Ucrânia reforça defesas aéreas
Enquanto a Rússia aumenta os ataques com drones, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky alertou que o inimigo prepara novas ofensivas terrestres e anunciou ter pedido um reforço das defesas aéreas para conter os ataques.
“Podemos ver, por meio dos serviços de informação e de fontes abertas, que Putin e sua comitiva não planejam terminar a guerra. Atualmente, não há indícios de que estejam a considerar seriamente a paz ou a diplomacia. Pelo contrário, há amplas provas de que estão preparando novas operações ofensivas”, disse Zelensky.
Ele anunciou também um aumento na produção de drones de interceptação para conter ataques russos maciços, afirmando que vão procurar “financiamento adicional” dos parceiros.
O presidente ucraniano voltou a pedir mais sanções da comunidade internacional contra a Rússia e apoio adicional à Ucrânia para forçar Moscou a cumprir o cessar-fogo de pelo menos 30 dias que Kiev procura para impulsionar as conversações de paz.
Zelensky disse ainda que, uma semana depois de o presidente Vladimir Putin ter dito que iria colocar suas condições para declarar o cessar-fogo por escrito, a Rússia ainda não apresentou o documento.
Rússia diz que trabalha em memorando de paz
O Ministério russo dos Negócios Estrangeiros informou que ainda estão trabalhando no memorando que estabelece os princípios de um possível futuro acordo de paz para pôr fim ao conflito.
“A Rússia continua a desenvolver projeto de memorando sobre um futuro tratado de paz, definindo uma série de posições, como os princípios de solução, o momento de um possível acordo de paz e um possível cessar-fogo durante um determinado período de tempo, se forem alcançados acordos apropriados”, disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova.
Após conversa telefônica com o presidente norte-americano, na semana passada, Putin abriu caminho a contatos com Kiev ao concordar trabalhar com a Ucrânia num memorando sobre possível acordo de paz.
Putin disse que o memorando definiria os princípios de um acordo, o calendário de possível acordo de paz e detalhes sobre um cessar-fogo.
Maria Zakharova informou que continuam a trabalhar no documento e que assim que estiver pronto, será entregue à Ucrânia.