Em 2020, a ex-presidente interina da Bolívia Jeanine Áñez decretou alerta nacional por conta da violência doméstica. No ano passado com o início da pandemia do novo coronavírus, o país registrou, 117 feminicídios. Já em 2018, foram 128 assassinatos.
No relatório da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), apontou a Bolívia como o 5º país da América do Sul mais letal para as mulheres. Ainda de acordo com os dados, a Bolívia, com 2,3 feminicídios a cada 100 mil habitantes, fica atrás somente de El Salvador (6,8), Honduras (5,1), Santa Lucía (4,4) e Trinindad e Tobago (3.4).
Se depender das bolivianas de origem Aymara essa página será virada. Lucrecia Huayhua é uma sobrevivente da violência doméstica pela qual passou a maior parte da vida. Como outras mulheres indígenas da etnia Aymara, ela está resolvendo as coisas por conta própria com aulas de taekwondo. “Tenho sofrido muitos abusos físicos e psicológicos desde que era criança. Até agora que sou uma mulher mais velha, sempre sofri muito."
Em El Alto, em plena altitude no estado de La Paz, as mulheres indígenas, conhecidas como “cholitas”, que há muito enfrentam a discriminação, treinam usando suas saias esvoaçantes e chapéus-coco característicos como parte de uma iniciativa de empoderamento feminino pelo projeto Warmi Power.
No ambiente, as mulheres aprendem autodefesa para se protegerem contra ataques de violência doméstica, na maioria das vezes cometidos por parceiros ou outros membros da família.
Dados da Organização das Nações Unidas (ONU), mostram que oito em cada dez mulheres bolivianas sofrem algum tipo de violência durante a vida. “Os homens não têm medo de bater nas mulheres”, disse Huayhua, 52, que tem cinco filhos. "É por isso que as mulheres vivem com tanto medo."
Neste ano, as autoridades bolivianas já contabilizaram 48 feminicídios, principalmente por parceiros ou maridos das vítimas. Relatos de abusos são comuns, embora a maioria dos agressores nunca enfrente a justiça, apesar das leis robustas destinadas a prevenir a violência de gênero.
“Nossas oficinas abordam psicologia, atitude e emoções, para capacitar as mulheres a serem capazes de impedir certas agressões”, disse Laura Roca, uma psicóloga esportiva do projeto. “Assim, as mulheres podem reconhecer quando estão em uma situação de violência, um relacionamento tóxico e podem interromper a violência antes que ela ocorra e chegue ao feminicídio”.
Com informações da (Reuters)