Imagens fortes mostram uma multidão de haitianos no início da tarde de terça-feira (16) invadindo o bloqueio militar para entrar a qualquer custo em território Peruano. Trazendo malas, e utensílios, a multidão corre desespera em direção a “Ponte da Amizade”, que liga o Brasil ao Peru pelas Assis Brasil no Acre e Iñapari.
O Exército e a Polícia Militar peruana tentam controlar a entrada dos refugiados no país. Em meio ao desespero estão mulheres grávidas, idosos, crianças e até cadeirantes implorando por socorro. “Nos ajudem. Tenham coração, só queremos passar e seguir viagem ao nosso país”, pede uma refugiada, erguendo os braços para o alto.
Ali ao lado outra mulher abraça um policial peruano, que ao mesmo tempo conversa para que a multidão recue. Ajoelhada a jovem haitiana tenta convencer o policial a permitir a passagem de todos.
Mas a tentativa de chegar ao Peru vem sendo constante pelos haitianos nos últimos dias. Desde o domingo (14), centenas, estão acampados na “Ponte da Amizade” embaixo de chuva e do Sol. Estima-se é que o número ultrapasse os 300 imigrantes em Assis Brasil. Além disso, muitos estão retornando de outros estados do Brasil também.
São refugiados que ganharam o direito de viver no país, após, o Haiti ser arrasado por um terremoto em janeiro de 2010. Com a crise causada pela pandemia do novo coronavírus em 2020 a situação que já não era boa ficou insustentável. Agora sem trabalho e dinheiro, a opção para muitos é voltar para casa. “Eles dizem que só querem passar pelo Peru. Ninguém quer ficar no Peru, querem ir para o México”, explica um jornalista brasileiro que fazia a cobertura da manifestação.
O prefeito de Assis Brasil, Jerry Correa (PT) informou a nossa equipe que já comunicou o problema ao Governo Federal. Ainda segundo o gestor da pasta, a Prefeitura locou três escolas, um ginásio e uma casa onde concentra os haitianos, desde o ano passado, quando eles começaram a chegar à cidade. “A situação é caótica, desesperadora, dramática. Estamos revivendo o que vivos em 2020 com a crise migratória”.
Ainda segundo o prefeito, o governo peruano estuda permitir a passagem dos haitianos, mas antes precisariam realizar a testagem em cada um deles para o novo coronavírus.