Em meio aos conflitos que ocorrem em Santa Elena de Uairén, dezenas de venezuelanos atravessam a fronteira entre os dois países a todo momento, para comprar comida e levar às famílias.
Hoje, o Roraima em Tempo conversou com um grupo de aproximadamente 15 pessoas que foi à Pacaraima garantir mantimentos para os próximos dias.
"Não temos comida em Santa Elena", diz Samir Gonzáles, ao carregar um carro de mão cheio de alimentos. "Não tem medicamentos, não tem nada. Chegamos hoje pela manhã já vamos voltar pelas trilhas", acrescentou o senhor que vive do outro lado da fronteira.
Com os confrontos e a aproximação da Guarda Nacional Bolivariana ao marco das bandeiras, os venezuelanos temem ainda mais pela vida. O grupo comentou que não seguiria pelas rotas clandestinas que normalmente os estrangeiros vão, porque os militares "estão no caminho pegando as coisas de quem está caminhado", relatou. Samir contou que o grupo chegou cedo à região de fronteira num carro e seguiu a pé.
No comércio de Pacaraima compraram óleo, arroz, açúcar, biscoitos, leite e manteiga. As famílias vão regrar o consumo de alimentos para que não tenham que vir com tanta frequência ao município brasileiro. Com o fechamento da fronteira, o ritmo no comércio é fraco.
"Está muito perigoso seguir por essas trilhas próximas à fronteira. Eles [militares] nos olham com muita raiva, querem tomar nossas coisas. Vamos ter que pegar caminhos mais distantes, que garantam mais segurança para voltar. Lá [do lado venezuelano], está o carro que nos trouxe.
Eu vou dirigir até Santa Elena de Uairén", detalhou Gabriela López. Entre os produtos adquiridos no território brasileiro, estão os pneus. Segundo eles, a situação é difícil no país vizinho e Nicolás Maduro tenta repassar ao mundo uma imagem falsa da Venezuela.
O grupo contou ainda que algumas pessoas aproveitam para tentar conseguir dinheiro e cobram R$ 5 para levar as bagagens para o outro lado da fronteira. "Eles cobram e levam para lá. Tem gente que paga, outros não têm condições", declarou Angel Sandoval, ao acrescentar que na Venezuela não tem alimentos e remédios, e o que tem não é possível comprar, pois é muito caro.