Subiu para 10 o número de militares venezuelanos que pediram refúgio no Brasil. A informação foi repassada pelo grupo de sete agentes da Guarda Nacional Bolivariana, na manhã desta segunda-feira (25), em coletiva à imprensa.
Eles disseram que há outros três militares do Exército Venezuelano, que não falaram publicamente por medo de represálias no país vizinho.
Todos concordaram que não querem "ficar marcados na história como assassinos", mas sim apoiadores do povo venezuelano.
Os primeiros militares chegaram na noite de sábado, pelas fronteiras clandestinas. No domingo, outro guarda atravessou para o lado brasileiro. Na manhã desta segunda, quatro cruzaram a fronteira.
Eles não informaram quando, nem como chegaram os homens do Exército Venezuelano. Os sete da Guarda Nacional Bolivariana são sargentos.
Desertaram até o momento os seguintes militares: Carlos Eduardo Zapata, Orlando Abimelec Villazana Arevalo, José Alexander Sanguino Escalante, Luis Eduardo Gonzáles Laya, Jorge Luis Gonzáles Romero, Jean Carlos Cesar Parra e Jose Antonio Moreno Peñaloza.
Eles já fizeram os trâmites legais no Exército Brasileiro e seguirão para Boa Vista, afim de fazer um chamado para o autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, reconhecido pelo Brasil.
"Decidimos abandonar a Força Armada devido à politização, a opressão sobre o povo venezuelano, falta de honra que nos caracteriza como militares. Esse governo tem feito acabar com a felicidades das pessoas, os direitos humanos, com a economia, acabar com as riquezas do país, e aumentar a corrupção. Peço aos companheiros das Forças Armadas que abandonem esse governo opressor e assassino", declarou José Alexander.
Conforme o relato dos últimos guardas que chegaram ao Brasil, eles fugiram no momento em que um grupo favorável a Nicolás Maduro foi à fronteira hastear a bandeira da Venezuela.
Durante a movimentação no marco entre os dois países, eles fugiram pelas rotas clandestinas. Os guardas disseram temer pela vida deles e dos familiares.
"Havia muitos vigilantes e tínhamos informações de que existiam atiradores de elite na fronteira. Saímos da cidade e fomos para as rotas clandestinas. Já tínhamos mantido contato com pessoas do lado brasileiro. Fomos resgatados por eles depois que cruzamos a fronteira. Enviamos um saudoso abraço ao povo brasileiro", acrescentou Alexander, ao complementar que a família dele está em Táchira, lado oposto aos conflitos, dentro do território Venezuelano.
O objetivo do grupo é tentar ir à cidade Cúcuta, na fronteira entre Venezuela e Colômbia, tendo em vista que naquela região há cerca de 60 militares que desertaram.
"Seguiremos lutando daqui e demonstraremos que a Guarda Nacional e Exército são verdadeiros defensores da população. Não somos opressores e estamos aqui porque nos unimos às pessoas que fogem de ditadores. Não queremos ser animais deles. Queremos ser guardas de verdade e garantir segurança", relatou Moreno Peñaloza.
Segundo ele, "praticamente" os militares receberam ordens para atirar contra a população. Ele afirmou que existem faccionados e milicianos atuando na fronteira.
"Eles querem que nos arremetamos contra o povo. Sabíamos perfeitamente que não podiamos passar. Por isso, viemos entre as montanhas. É uma decisão muito arriscada porque podem nos torturar e maltratar nossas famílias. Há muitos mortos. Cortam os sinais de internet e não passam informações à imprensa internacional, por isso não sabemos precisamente quantos mortos existem", declarou Peñaloza.