O prefeito de Santa Elena de Uairén, Emílio Gonzales, que chegou à Pacaraima hoje pela manhã, afirmou que desde o início do conflito na cidade venezuelana foram contabilizadas 25 mortes e 84 feridos.
Ele veio ao Brasil para repassar informações à imprensa internacional sobre a realidade do município e "coordenar os atos de paz". O prefeito só falou com a imprensa após pedir autorização do Exército.
"Agora, Maduro coloca música na fronteira. O que ele está celebrando? Ele está celebrando o sangue dos nossos irmãos feridos. Estamos passando momentos difíceis. Estou nesse ponto [Pacaraima], amanhã vou estar lá, com o povo me elegeu. Dentro da minha gestão, para transmitir paz e tranquilidade", declarou o prefeito de Santa Elena de Uairén.
Os primeiros confrontos entre o Exército Venezuelano e os estrangeiros na cidade vizinha foram registrados na quinta-feira, dia 21, quando a comunidade San Francisco foi atacada pelos militares e deixou dois mortos e 14 feridos. No dia posterior, os conflitos se estenderam à Santa Elena e ao menos cinco comunidades indígenas. O resultado do segundo dia foi duas mortes e 18 feridos.
"Não controlamos o hospital. Eles ferem as pessoas e colocam nos carros blindados e os levam para Escamoto. Por isso, não temos o número exato. A situação é grave e estamos preocupados. Ajudem-nos! Vejam as celebrações que estão fazendo na fronteira. Sou um Pemón e seguirei lutando pela liberdade do povo", exclamou o prefeito.
Segundo informações do representante, ele fugiu com um grupo de mais sete pessoas por volta de 17h desse sábado (23). Chegaram a uma zona de mata às 21h e ficaram isolados até as 6h deste domingo (24). Eles vieram a pé, escondidos, e cruzaram a linha de fronteira às 11h.
Ele disse que facções criminosas e milícias foram trazidas para Santa Elena. No total, três mil pessoas em oito comboios passaram a aterrorizar a cidade. Gonzales disse que os militares, milicianos e faccionados vieram intervir no governo dele e, por isso, precisa de apoio de entidades internacionais.
"Eles disparam e colocam nos carros. Me sinto um pouco resguardado para traçar mecanismo que tragam paz para toda Venezuela. Estão me buscando vivo ou morto. Vim caminhando até Pacaraima. Quiseram me barrar, mas eu posso passar na barreira. Juan Guaidó quer paz para o país. Estamos buscando estratégia de manter resistências, mas que a pacificidade continue", contou.
O prefeito ressaltou que Gran Sabana necessita de alimento e remédios. Por causa disso, decidiu aprovar que a ajuda humanitária chegasse ao município.
"Toda essa situação de conflito ocorre porque Maduro bloqueou a entrada de ajuda", complementou o prefeito Emílio.
Os dois caminhões com ajuda humanitária brasileira e americana estão na base do Exército, em Pacaraima , desde ontem. Os alimentos e remédios estão guardados depois de uma possível ameaça da Guarda Nacional Bolivariana de queimá-los. Aproximadamente seis toneladas aguardam decisão de liberação da fronteira para serem entregues.
"De aqui para diante buscaremos tentar mudar este governo", finalizou Emílio Gonzales.
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