Belém (PA), 18 de novembro de 2025 — A indigenista e ativista climática Txai Suruí, uma das vozes indígenas de maior projeção internacional, teve atuação destacada nesta terça-feira no oitavo dia da COP30. Com discursos firmes, intervenções políticas e articulação com delegações estrangeiras, Txai reforçou a cobrança por protagonismo real dos povos originários nas decisões climáticas.
Protagonismo e participação decisória
Ao longo do dia, em painéis, entrevistas e reuniões paralelas, Txai criticou a postura histórica das conferências climáticas, que ouvem indígenas mas raramente os incluem no processo final.
Em uma de suas falas, afirmou:
“Imagina ter um evento na sua casa e você não poder entrar, enquanto outros decidem sobre a sua vida e o seu território. Isso não será mais tolerado.”
A liderança Paiter Suruí defendeu que a demarcação das terras indígenas seja tratada como política climática central, lembrando que proteger a Amazônia depende do reconhecimento político e jurídico das comunidades que mantêm a floresta de pé há séculos.
Críticas ao ritmo lento das negociações
Txai também criticou o que chamou de “metas vagas e promessas adiadas”. Segundo ela, enquanto países negociam calendários para 2030 e 2035, comunidades indígenas já convivem com desmatamento, violência, contaminação e impactos diretos da crise climática.
Nos corredores da conferência, sua fala mobilizou delegações latino-americanas e representantes de países vulneráveis, que também cobram compromissos mais ambiciosos, como:
- financiamento climático para adaptação;
- transição justa;
- eliminação progressiva dos combustíveis fósseis;
- participação de povos tradicionais na governança climática.
Amazônia no centro das discussões
Com a COP30 sediada pela primeira vez na região amazônica, Txai reforçou que a floresta não pode ser tratada como cenário, mas como eixo da solução climática.
“A resposta para a crise climática passa pela floresta e por quem cuida dela.”
A ativista destacou a necessidade de garantir participação efetiva de indígenas, quilombolas e comunidades extrativistas nas mesas de negociação e nos mecanismos oficiais da conferência.
Pressão política
A forte atuação de Txai Suruí aumentou a pressão sobre a presidência brasileira da COP30 e sobre países que resistem à inclusão de instrumentos sólidos de participação social no pacote final de decisões, especialmente no campo da justiça climática.
Organizações indígenas, ONGs ambientais e entidades internacionais classificaram sua participação como um dos pontos mais energéticos e politicamente relevantes do dia.
Conclusão
No oitavo dia da conferência, Txai deixou uma mensagem clara:
não haverá justiça climática sem justiça territorial.
Sua postura firme reforçou que, para falar de clima na Amazônia, não basta diplomacia — é preciso ouvir, incluir e garantir direitos de quem vive na linha de frente da crise.










































