A Cúpula dos Povos chegou ao fim neste domingo (16), em Belém, marcada por um forte discurso do cacique Raoni Metuktire, liderança histórica na defesa dos povos indígenas e da natureza. Aos 92 anos, ele reforçou que tem alertado o mundo há décadas sobre a devastação ambiental e a urgência climática.
“Há muito tempo venho falando sobre as mudanças climáticas e as guerras”, disse Raoni, pedindo que a mobilização continue para proteger a vida na Terra. Ele criticou “aqueles que querem destruir a nossa terra” e pediu mais união, paz e respeito.
Carta final cobra ação climática real
Durante o ato de encerramento, uma carta foi lida com críticas ao que os movimentos classificam como “falsas soluções” para a crise climática.
Conteúdo da carta
O documento aponta:
- o capitalismo como causa central da crise ambiental;
- a vulnerabilidade das periferias e comunidades tradicionais;
- a responsabilidade de indústrias como mineração, energia, armas, agronegócio e Big Techs;
- a necessidade de demarcação de terras indígenas, reforma agrária, agroecologia, fim dos combustíveis fósseis e financiamento para transição justa.
A carta também reforça que “não há vida sem natureza” e destaca o papel central do feminismo na defesa da vida e do cuidado.
O documento foi entregue ao presidente da COP30, André Corrêa do Lago, 65 anos, que se comprometeu a levar as demandas para as reuniões de alto nível.
Defesa dos povos e críticas a guerras
A carta também condena:
- o avanço da extrema direita e do fascismo;
- os bombardeios do Estado “sionista” de Israel na Palestina;
- deslocamentos forçados e mortes de civis;
- ações militares dos EUA no Caribe, consideradas imperialistas pelos participantes.
O texto expressa solidariedade a diversos povos em resistência, como Venezuela, Cuba, Haiti, Equador, Panamá, Colômbia, entre outros.
Mobilização em Belém
A Cúpula dos Povos, espaço paralelo à COP30, reuniu cerca de 70 mil pessoas de diferentes movimentos sociais e comunidades tradicionais. Houve debates, manifestações, barqueatas e um grande “banquetaço” com participação popular.
Participação social
Representantes de:
- povos originários,
- quilombolas,
- camponeses e extrativistas,
- periferias urbanas,
- sindicatos,
- pescadores e marisqueiras,
- população em situação de rua,
- juventudes e coletivos LGBTQIAPN+,
compartilharam experiências e cobraram protagonismo na construção de políticas climáticas.
A marcha final reuniu milhares de pessoas pelas ruas de Belém, celebrando a diversidade amazônica e reforçando o pedido de que a COP30 reconheça saberes ancestrais como centrais para enfrentar a crise.








































