O governo brasileiro assinou neste sábado (15), em Belém, uma parceria de cinco anos com a Global Energy Alliance for People and Planet (GEAPP) para expandir o acesso à energia renovável nas áreas mais remotas da Amazônia. O anúncio ocorreu durante a COP30, reforçando o compromisso brasileiro com a transição energética e com a redução de desigualdades na região.
O objetivo central é eliminar a pobreza energética, fortalecer a bioeconomia local e reduzir a dependência de combustíveis fósseis. Uma fase piloto do projeto já está em andamento, com investimento inicial de US$ 3 milhões por parte da GEAPP. A expectativa é triplicar o valor nos próximos três anos por meio da captação adicional de fundos.
A parceria se concentra em duas frentes essenciais: apoio a políticas públicas para ampliar acesso à energia e geração de renda; e financiamento de projetos piloto com suporte técnico e regulatório.
Na prática, o programa funciona por meio de microgrids solares comunitários, equipados com baterias para armazenamento. Cada instalação é dimensionada após um diagnóstico energético local, avaliando demandas reais e a capacidade produtiva da comunidade.
“Vamos construir sistemas solares maiores que os individuais, capazes de abastecer atividades geradoras de renda dia e noite”, explicou Luisa Valetim Barros, líder da GEAPP no Brasil. Ela destacou que a energia excedente será armazenada, garantindo produção contínua mesmo no período noturno.
Após a instalação, os próprios moradores assumem o controle dos microgrids. Líderes comunitários recebem treinamento técnico básico, enquanto manutenções avançadas contam com apoio das distribuidoras. Equipes da GEAPP e da Fundação Amazônia Sustentável (FAS) percorreram diversas comunidades para identificar necessidades e potencial produtivo — desde o aumento da produção de açaí até projetos de irrigação agrícola.
O foco principal está na chamada Amazônia profunda, que inclui comunidades indígenas e localidades sem acesso à rede elétrica nos estados de Amazonas, Pará e Roraima.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silva, afirmou que a iniciativa marca um avanço na combinação entre inclusão social e compromisso climático.
“O Brasil está mostrando que é possível unir inclusão energética, responsabilidade climática e oportunidade econômica”, disse.
Para o diretor-executivo da GEAPP, Woochong Um, o impacto vai muito além da infraestrutura.
“Trata-se de dignidade, meios de subsistência e um futuro justo para cada família. O que construirmos na Amazônia pode virar modelo para toda a América Latina”, destacou.
Após a COP30, o tema seguirá em discussão no 2º Workshop Energias da Amazônia, em dezembro, em Manaus. O encontro reunirá autoridades, concessionárias e parceiros internacionais para avaliar os resultados dos leilões de sistemas isolados e planejar novos projetos de eletrificação limpa em áreas remotas.









































