O Eco Invest Brasil, programa do governo que busca atrair capital privado para projetos sustentáveis, lançou o edital de seu quarto leilão durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), em Belém. Previsto para o início de 2026, esta será a primeira edição do programa com foco exclusivo na Amazônia.
O novo leilão pretende mobilizar até US$ 4 bilhões através de um modelo de financiamento misto (blended finance), combinando recursos públicos e privados. Neste sistema, o governo e parceiros financeiros privados aportam capital catalítico, que tem maior tolerância a riscos de mercado e considera o retorno social dos projetos, conseguindo alavancar investimentos convencionais.
O programa é coordenado pelos ministérios da Fazenda e do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), com apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da Embaixada do Reino Unido.
Foco e Setores Prioritários na Amazônia
O objetivo desta quarta edição é reforçar cadeias produtivas sustentáveis que gerem renda, inclusão social e competitividade, atuando como alternativa a atividades associadas ao desmatamento, e provando que “a floresta em pé gera mais valor”, nas palavras do ministro Fernando Haddad.
A próxima rodada foi desenhada para alcançar segmentos que costumam ter dificuldade de acesso a financiamentos de maior porte, como pequenas empresas, cooperativas, comunidades tradicionais e produtores locais.
Os projetos deverão ser apresentados em três setores prioritários:
Bioeconomia: Inclui cadeias da sociobiodiversidade, bioindústrias, insumos sustentáveis e restauração ecológica e produtiva.
Turismo ecológico sustentável: Iniciativas voltadas à atração internacional de visitantes.
Infraestrutura habilitante: Investimentos em energia renovável descentralizada, conectividade digital, transporte e logística para apoiar cadeias produtivas locais.
Modelo Financeiro e Incentivos
O modelo de captação e repasse de recursos estabelece exigências claras para as instituições financeiras vencedoras:
O Tesouro Nacional emprestará recursos a juros de 1% ao ano.
Em contrapartida, as instituições deverão captar um volume de capital privado quatro vezes maior que o valor recebido, sendo no mínimo 60% de origem estrangeira.
Uma inovação desta edição é um incentivo adicional do Tesouro, equivalente a 20% do valor levantado. Este recurso deve ser aplicado em finalidades específicas, como assistência técnica e capacitação em projetos mais complexos e arriscados, com foco em pequenos produtores.
O programa contará também com um instrumento de hedge (proteção) cambial: o BID, por meio do Banco Central, oferecerá US$ 3,4 bilhões em derivativos para reduzir os riscos de variação cambial, com operação prevista para o primeiro semestre de 2026.
A expectativa do governo é mobilizar até US$ 1 bilhão em recursos públicos e até US$ 3 bilhões em capital privado.









































