O aumento da temperatura média nos biomas do Pantanal e da Amazônia está entre os mais significativos do Brasil nas últimas quatro décadas. As informações foram divulgadas pelo MapBiomas nesta quarta-feira, 5 de novembro de 2025, em São Paulo, por meio de sua nova plataforma, o MapBiomas Atmosfera.
O levantamento, que cobre todo o território nacional, mostrou que o Pantanal teve um aumento médio de 1,9 °C e a Amazônia, de 1,2 °C, entre 1985 e 2024.
Considerando o país inteiro, a temperatura média aumentou a uma taxa de 0,29 °C por década, resultando em uma elevação total de 1,2 °C no período. Contudo, o aquecimento se acelera nas regiões mais continentais.
Aquecimento Acelerado no Interior
O Pantanal apresenta o maior ritmo de aquecimento do país, com um aumento de 0,47 °C por década. O Cerrado acompanha a tendência continental, com 0,31 °C por década, e a Amazônia, com 0,29 °C por década.
Biomas costeiros apresentaram um aquecimento mais brando: Caatinga (+ 0,25 °C/década), Mata Atlântica (+ 0,21 °C/década) e Pampa (+ 0,14 °C/década).
Luciana Rizzo, professora da Universidade de São Paulo (USP) e integrante do MapBiomas Atmosfera, destacou que o aumento da temperatura é sistemático em todo o Brasil desde 1985. “O ano passado foi recorde, mas não é um ano isolado”, explicou a pesquisadora.
O recorde em 2024 foi calculado com base nas temperaturas da Amazônia e do Pantanal, que registraram acréscimos de 1,5 °C e 1,8 °C, respectivamente, em relação à média histórica desde 1985. Estes dados corroboram a ocorrência de eventos extremos, como a seca e as queimadas sem precedentes observadas no ano passado.
Desmatamento, Seca e Impactos
Tasso Azevedo, coordenador-geral do MapBiomas, correlaciona o aumento da temperatura na Amazônia com a perda de vegetação nativa. O bioma perdeu 52 milhões de hectares de área de floresta desde 1985, o que representa uma redução de 13%.
“Os estudos mais recentes apontam que a perda de florestas modifica as trocas de calor e de vapor d’água com a atmosfera, resultando em temperaturas mais elevadas”, afirmou Tasso Azevedo.
Na Amazônia, o desmatamento causa 74% da redução das chuvas e 16% do aumento da temperatura durante a época seca, segundo um estudo citado pelo MapBiomas. O clima mais seco, por sua vez, favorece a ocorrência de fogo.
Em 2024, a Amazônia registrou 448 milímetros (mm) de chuva abaixo da média histórica, uma redução de 20%. Isso contribuiu para um aumento da área queimada na região amazônica, que atingiu 15,6 milhões de hectares no ano passado.
O Pantanal, além do aumento de temperatura de 1,9 °C em 40 anos, também sofreu com a redução de precipitação. Em 2024, a Bacia do Alto Paraguai registrou 314 mm de chuvas abaixo da média, com 205 dias sem precipitações.
O professor da USP Paulo Artaxo, também integrante do MapBiomas Atmosfera, ressaltou que as tendências de aquecimento e alteração da precipitação já haviam sido apontadas nos últimos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC). A nova plataforma, segundo ele, é uma ferramenta importante para implementar políticas públicas baseadas em evidências.









































