Um levantamento inédito da Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (RAISG) alertou para um cenário alarmante. A Amazônia pode deixar de realizar a captura de carbono de 2,94 bilhões de toneladas até 2030, no pior cenário analisado pela pesquisa. A perda se dará caso os governos de países amazônicos apliquem pouco ou nenhum controle sobre o desmatamento.
O estudo foi divulgado em São Paulo nesta quinta-feira, 23 de outubro de 2025. A análise considerou Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, e reforça o papel da floresta no combate às mudanças climáticas.
Preservação é aliada contra a crise
A proteção das áreas mais conservadas da Amazônia, em especial Terras Indígenas e Áreas Naturais Protegidas, é vital. Os pesquisadores indicam que essa preservação é decisiva para conter o avecimento global.
Segundo a RAISG, as áreas protegidas concentraram 61% do carbono florestal capturado em 2023. No Brasil, os territórios protegidos correspondem a 44% de toda a floresta do bioma.
Mireya Bravo Frey, coordenadora regional do Projeto Ciência e Saber Indígena pela Amazônia, destaca a urgência. “Fortalecer a proteção das Terras Indígenas e das Áreas Protegidas significa conservar as maiores reservas de carbono florestal do mundo”, ressaltou Frey.
O Risco de Perder 2,94 Bilhões de Toneladas
O estudo projetou três cenários futuros para as reservas de captura de carbono até 2030, em comparação com 2023. O pior cenário, que pressupõe o avanço descontrolado de agricultura, pecuária e mineração, resulta em uma redução de 3,5% nas reservas.
“Estamos diante de uma contagem regressiva ambiental”, alertou Renzo Piana, diretor executivo do Instituto do Bem Comum e membro da RAISG. Segundo ele, sem o fortalecimento das políticas de proteção, a Amazônia deixará de ser um aliado climático.
Mesmo no melhor cenário, com a manutenção das atuais políticas, a região perderia 1,113 bilhão de toneladas. Isso representaria uma redução de 2% na captura de carbono nos próximos cinco anos.
Consequências da Degradação Histórica
Nas últimas décadas, as funções da Amazônia no combate à crise climática já foram enfraquecidas. A RAISG apontou que, entre 1985 e 2023, mais de 88 milhões de hectares de florestas foram transformados para uso agropecuário, urbano e de mineração.
Em 2023, a floresta deixou de capturar 5,7 bilhões de toneladas de carbono em comparação com o ano 2000. Essa redução de 6,3% mostra um dano silencioso às árvores remanescentes, afetando sua capacidade de regeneração.
O especialista em Sistemas de Informação Geográfica e Sensoriamento Remoto da RAISG, Jose Victorio, alertou para o efeito dominó. Menos florestas significam menos reservas de carbono e mais emissões poluentes para o mundo, gerando eventos climáticos extremos.
Entendendo a Captura de Carbono
A captura de carbono florestal é explicada pela RAISG como um processo natural. Durante a fotossíntese, a vegetação retém o elemento carbono do dióxido de carbono presente na atmosfera.
Este carbono é armazenado em raízes, troncos e folhas. Dessa forma, as árvores ajudam a controlar o excesso do gás de efeito estufa.
A $\text{RAISG}$ recomenda que os governos priorizem políticas que articulem ciência e os saberes dos povos amazônicos. É fundamental também implementar estratégias para eliminar desmatamento, incêndios e o avanço de crimes ambientais.






































