A produção florestal brasileira, que engloba tanto as florestas naturais quanto as áreas plantadas, gerou um valor econômico de R$ 44,3 bilhões em 2024. O resultado representa um crescimento significativo de 16,7% em relação ao ano anterior e um aumento de 140% se comparado a 2019. Os dados fazem parte da pesquisa Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura, divulgada nesta quinta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O aumento é atribuído à combinação de maior volume de extração e preços de venda mais altos.
Silvicultura e Extrativismo
O levantamento do IBGE mostra que a silvicultura, que se refere à produção em áreas plantadas, domina o setor, sendo responsável por 84,1% (R$ 37,2 bilhões) do valor total. O extrativismo vegetal, originado de áreas naturais e matas, corresponde aos 15,9% restantes (R$ 7 bilhões). O gerente de Agricultura do IBGE, Carlos Alfredo Barreto Guedes, destacou que a extração vegetal é majoritariamente autorizada.
Regionalmente, a produção florestal está altamente concentrada no Sul e no Sudeste do país, que somam 65,7% do total. Minas Gerais lidera o ranking nacional, contribuindo com R$ 8,5 bilhões, ou 22,8% da produção do país, seguida pelo Paraná.
Celulose impulsiona a produção madeireira
A atividade madeireira corresponde a quase a totalidade (98,3%) da produção econômica da silvicultura. Dentro deste grupo, o maior destaque é a madeira em tora para papel e celulose, que representa 40,1% da produção.
Em 2024, a produção de madeira para papel e celulose atingiu um recorde de 122,1 milhões de metros cúbicos (m³). Esse volume sustenta a posição do Brasil como campeão mundial na exportação de celulose, tendo superado o Canadá em 2022. No ano passado, as vendas externas de celulose somaram US$ 10,6 bilhões, sendo a China (43,7%) o principal destino. A competitividade é explicada pelas condições climáticas e investimentos em práticas sustentáveis.
O domínio do eucalipto
A área de floresta plantada no Brasil abrange 9,9 milhões de hectares. Desse total, 77,6% são dedicados ao cultivo do eucalipto. Segundo o analista Carlos Alfredo Guedes, a preferência se deve ao seu rápido crescimento, de sete a oito anos, e sua alta adaptabilidade ao solo e clima brasileiros. O eucalipto é a espécie utilizada em quase toda obtenção de carvão vegetal (98,4%) e na maior parte da lenha e da madeira para papel e celulose. Minas Gerais possui a maior área plantada de eucalipto.
Extrativismo e o domínio do açaí
No extrativismo vegetal, a atividade madeireira também é a predominante (65,6%). No entanto, o segundo maior grupo é o dos produtos alimentícios, que geram R$ 2,0 bilhões. Desse valor, mais da metade é proveniente do açaí (50,9%), coletado de palmeira nativa e concentrado na Região Norte. O Pará registrou 68,1% da extração nacional de açaí, com o município de Limoeiro do Ajuru sendo o maior produtor brasileiro.