As árvores gigantes da Amazônia, como o angelim-vermelho, podem ter um papel crucial no combate às mudanças climáticas. Com mais de 80 metros de altura, essas espécies se destacam por sua enorme capacidade de capturar gás carbônico (CO₂) e de ajudar na distribuição de chuvas no Brasil. A proteção dessas espécies é fundamental, conforme destacam especialistas no Dia da Amazônia, comemorado nesta sexta-feira (5).
Em 2022, pesquisadores encontraram um angelim-vermelho com 88,5 metros no Pará, a maior árvore do Brasil. Outros 20 exemplares com mais de 70 metros de altura foram localizados na divisa entre o Pará e o Amapá. Segundo o pesquisador Diego Armando Silva, do Instituto Federal do Amapá (IFAP), uma única árvore gigante pode absorver até 80% do carbono em uma área de 1 hectare. Apesar de estudos ainda estarem em andamento, a estimativa é que essas árvores tenham entre 400 e 500 anos.
Ameaça e proteção
Apesar de sua importância científica, as árvores gigantes estão ameaçadas. Muitas estão fora de áreas de conservação, e o angelim-vermelho é uma espécie que pode ser legalmente extraída. A diretora executiva da Rede Pró-Unidades de Conservação, Ângela Kuczach, explica que a campanha “Proteja as Árvores Gigantes” busca mobilizar a sociedade e pressionar o poder público para garantir a proteção desses exemplares.
Um dos resultados da campanha foi a criação do Parque Estadual Ambiental das Árvores Gigantes da Amazônia (Pagam) em setembro de 2024. O parque tem 560 hectares, mas, de acordo com Kuczach, ainda está ameaçado por garimpo, grilagem e desmatamento. O presidente do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor), Nilson Pinto, informou que as ações para implementar o Pagam estão em andamento e a fiscalização na região foi intensificada.
O papel da ciência no futuro da Amazônia
A ciência é uma aliada fundamental para a proteção dessas árvores. O pesquisador Diego Armando Silva reforça a necessidade de mais estudos e monitoramento das espécies já identificadas. Para ele, a criação de um comitê gestor e de um plano de manejo, com foco em pesquisa, educação ambiental e visitação, é essencial para o avanço da proteção. Além disso, a descoberta de novas árvores gigantes em áreas ainda não protegidas é uma possibilidade que reforça a urgência de expandir a conservação.