A Amazônia, um bioma vital para o equilíbrio climático do planeta e lar de uma rica biodiversidade e culturas tradicionais, enfrenta desafios complexos, conforme o novo relatório “Amazônia em Disputa”. Lançado em Bogotá, o estudo é resultado de uma parceria entre o Instituto Igarapé, a União Europeia e a Fundação para a Conservação e o Desenvolvimento Sustentável (FCDS). O foco da pesquisa é a porção noroeste do bioma, que engloba as fronteiras de cinco países.
O estudo identifica quatro tipos de conflitos principais na Amazônia em Disputa: ambientais, criminais, de capital e institucionais. As disputas ambientais envolvem desmatamento e exploração predatória. Já os conflitos criminais se manifestam na atuação de grupos como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), que se envolvem em atividades ilícitas como narcotráfico e mineração ilegal. A diretora de pesquisa do Instituto Igarapé, Melina Risso, destaca que a responsabilidade é global, pois as cadeias de crimes se expandem muito além das fronteiras amazônicas.
O relatório aponta a presença de ao menos 16 grandes grupos armados ilegais atuando em 69% dos municípios amazônicos, o que contribui para que as taxas de homicídio na região superem as médias nacionais em quase todos os países. Os mais afetados são as comunidades indígenas e ribeirinhas, que enfrentam deslocamentos forçados e perda de seus meios de subsistência. A violência é ainda mais crítica em áreas de fronteira, como Putumayo e o Yavarí, onde o tráfico e o garimpo ilegal são intensos.
Os pesquisadores sugerem a urgência de uma ação coordenada e a criação de novas estruturas de governança para a Amazônia. Melina Risso vê a 5ª Cúpula de Presidentes dos Estados Partes do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) como uma oportunidade para definir esses novos rumos e implementar soluções conjuntas para enfrentar os desafios da região.