SEGUNDA-FEIRA, 07/07/2025
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Cientistas criam bactéria capaz de transformar plástico PET em paracetamol, com alta eficiência e baixo impacto ambiental

Estudo britânico mostra que lixo plástico pode se tornar medicamento essencial por meio de biotecnologia avançada, abrindo caminho para soluções sustentáveis na indústria farmacêutica.

Por Redação / com informações G1 - 30

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Cientistas criam bactéria capaz de transformar plástico PET em paracetamol, com alta eficiência e baixo impacto ambiental
Foto: NIAID/NIH

Um estudo inovador publicado na revista Nature Chemistry revelou que uma bactéria geneticamente modificada pode converter resíduos de garrafas plásticas PET em paracetamol, princípio ativo de um dos analgésicos mais utilizados no mundo. A pesquisa foi conduzida por cientistas da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, e alcançou resultados promissores, com uma taxa de conversão de 92% e praticamente nenhuma emissão de carbono.

A descoberta combina biologia sintética com química verde, demonstrando como o lixo plástico pode ser reaproveitado de forma altamente eficiente e ambientalmente sustentável. Utilizando a bactéria Escherichia coli modificada, os cientistas conseguiram transformar o ácido tereftálico, um subproduto da quebra do PET, em para-hidroxianilida, substância usada na produção do paracetamol.

Todo o processo ocorre em temperatura ambiente e em apenas 24 horas, sem a necessidade de metais pesados, calor extremo ou catalisadores artificiais. Além disso, o método foi realizado de forma integrada em um único recipiente, conhecido como abordagem “one-pot”, o que reduz etapas industriais e aumenta a viabilidade técnica do processo.

O papel da bactéria modificada

Para viabilizar a transformação, os pesquisadores inseriram dois genes na bactéria, um proveniente do cogumelo Agaricus bisporus e outro da bactéria Pseudomonas aeruginosa. Com essas alterações, a E. coli ganhou a capacidade de metabolizar o composto derivado do PET até transformá-lo em paracetamol puro.

Um dos marcos do estudo foi a observação da chamada reação de Lossen, um processo químico raro que até então só era observado em ambientes altamente controlados. A equipe descobriu que essa reação pode ocorrer naturalmente dentro da bactéria, utilizando apenas fosfato, substância já presente no meio de cultivo microbiano.

Lixo plástico como fonte de inovação

A tecnologia ainda está em estágio inicial, restrita a experimentos em pequena escala no laboratório. No entanto, os cientistas acreditam que, com ajustes, o método pode ser escalado para aplicações industriais. Desafios como o aumento da concentração de substratos, estabilidade das bactérias e adaptação em biorreatores de grande porte ainda precisam ser superados.

Apesar disso, o estudo representa um avanço significativo na busca por soluções que integrem sustentabilidade ambiental e inovação farmacêutica. O processo propõe uma alternativa à produção tradicional de fármacos, que frequentemente depende de derivados do petróleo e gera resíduos químicos.

“Este trabalho demonstra que o plástico PET não é apenas lixo ou um material destinado a se tornar mais plástico, ele pode ser transformado por microrganismos em novos produtos valiosos, incluindo medicamentos”, explica Stephen Wallace, professor de biotecnologia química e autor principal do estudo.

Impacto ambiental e potencial de mercado

Além dos benefícios científicos, a proposta apresenta vantagens ambientais importantes. O plástico PET é um dos resíduos mais encontrados no meio ambiente, com destaque para sua presença nos oceanos e aterros sanitários. Segundo dados da ONU, mais de 400 milhões de toneladas de plástico são produzidas anualmente no mundo, mas apenas cerca de 9% são recicladas.

A ideia de transformar esse material em remédios como o paracetamol, que é consumido em larga escala, pode criar um ciclo produtivo mais inteligente, reduzindo tanto a poluição quanto a dependência de matérias-primas fósseis.

O paracetamol, embora considerado seguro quando usado corretamente, também é um medicamento associado a riscos quando mal administrado. Ele é atualmente uma das principais causas de falência hepática em diversos países, geralmente por automedicação ou overdose. Por isso, especialistas também destacam a importância de associar inovação tecnológica com campanhas educativas sobre o uso consciente de medicamentos.

Cientistas criam bactéria capaz de transformar plástico PET em paracetamol, com alta eficiência e baixo impacto ambiental

Estudo britânico mostra que lixo plástico pode se tornar medicamento essencial por meio de biotecnologia avançada, abrindo caminho para soluções sustentáveis na indústria farmacêutica

Um estudo inovador publicado na revista Nature Chemistry revelou que uma bactéria geneticamente modificada pode converter resíduos de garrafas plásticas PET em paracetamol, princípio ativo de um dos analgésicos mais utilizados no mundo. A pesquisa foi conduzida por cientistas da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, e alcançou resultados promissores, com uma taxa de conversão de 92% e praticamente nenhuma emissão de carbono.

A descoberta combina biologia sintética com química verde, demonstrando como o lixo plástico pode ser reaproveitado de forma altamente eficiente e ambientalmente sustentável. Utilizando a bactéria Escherichia coli modificada, os cientistas conseguiram transformar o ácido tereftálico, um subproduto da quebra do PET, em para-hidroxianilida, substância usada na produção do paracetamol.

Todo o processo ocorre em temperatura ambiente e em apenas 24 horas, sem a necessidade de metais pesados, calor extremo ou catalisadores artificiais. Além disso, o método foi realizado de forma integrada em um único recipiente, conhecido como abordagem “one-pot”, o que reduz etapas industriais e aumenta a viabilidade técnica do processo.

O papel da bactéria modificada

Para viabilizar a transformação, os pesquisadores inseriram dois genes na bactéria, um proveniente do cogumelo Agaricus bisporus e outro da bactéria Pseudomonas aeruginosa. Com essas alterações, a E. coli ganhou a capacidade de metabolizar o composto derivado do PET até transformá-lo em paracetamol puro.

Um dos marcos do estudo foi a observação da chamada reação de Lossen, um processo químico raro que até então só era observado em ambientes altamente controlados. A equipe descobriu que essa reação pode ocorrer naturalmente dentro da bactéria, utilizando apenas fosfato, substância já presente no meio de cultivo microbiano.

Lixo plástico como fonte de inovação

A tecnologia ainda está em estágio inicial, restrita a experimentos em pequena escala no laboratório. No entanto, os cientistas acreditam que, com ajustes, o método pode ser escalado para aplicações industriais. Desafios como o aumento da concentração de substratos, estabilidade das bactérias e adaptação em biorreatores de grande porte ainda precisam ser superados.

Apesar disso, o estudo representa um avanço significativo na busca por soluções que integrem sustentabilidade ambiental e inovação farmacêutica. O processo propõe uma alternativa à produção tradicional de fármacos, que frequentemente depende de derivados do petróleo e gera resíduos químicos.

“Este trabalho demonstra que o plástico PET não é apenas lixo ou um material destinado a se tornar mais plástico, ele pode ser transformado por microrganismos em novos produtos valiosos, incluindo medicamentos”, explica Stephen Wallace, professor de biotecnologia química e autor principal do estudo.

Impacto ambiental e potencial de mercado

Além dos benefícios científicos, a proposta apresenta vantagens ambientais importantes. O plástico PET é um dos resíduos mais encontrados no meio ambiente, com destaque para sua presença nos oceanos e aterros sanitários. Segundo dados da ONU, mais de 400 milhões de toneladas de plástico são produzidas anualmente no mundo, mas apenas cerca de 9% são recicladas.

A ideia de transformar esse material em remédios como o paracetamol, que é consumido em larga escala, pode criar um ciclo produtivo mais inteligente, reduzindo tanto a poluição quanto a dependência de matérias-primas fósseis.

O paracetamol, embora considerado seguro quando usado corretamente, também é um medicamento associado a riscos quando mal administrado. Ele é atualmente uma das principais causas de falência hepática em diversos países, geralmente por automedicação ou overdose. Por isso, especialistas também destacam a importância de associar inovação tecnológica com campanhas educativas sobre o uso consciente de medicamentos.

Caminhos futuros

O uso de organismos geneticamente modificados para produção de substâncias químicas e farmacêuticas é uma tendência crescente. Técnicas semelhantes já vêm sendo utilizadas para a produção de insulina, hormônios de crescimento, vacinas e até biocombustíveis.

No caso do estudo britânico, o foco agora está em melhorar o rendimento do processo e adaptar o sistema para funcionar em condições industriais. A equipe estuda ainda a possibilidade de adaptar a tecnologia para outros tipos de plásticos e substâncias, o que poderia ampliar o impacto ambiental positivo da abordagem.

Ao transformar um problema ambiental em uma solução farmacêutica, a pesquisa abre espaço para uma nova geração de tecnologias baseadas na economia circular e na biotecnologia sustentável.

O uso de organismos geneticamente modificados para produção de substâncias químicas e farmacêuticas é uma tendência crescente. Técnicas semelhantes já vêm sendo utilizadas para a produção de insulina, hormônios de crescimento, vacinas e até biocombustíveis.

No caso do estudo britânico, o foco agora está em melhorar o rendimento do processo e adaptar o sistema para funcionar em condições industriais. A equipe estuda ainda a possibilidade de adaptar a tecnologia para outros tipos de plásticos e substâncias, o que poderia ampliar o impacto ambiental positivo da abordagem.

Ao transformar um problema ambiental em uma solução farmacêutica, a pesquisa abre espaço para uma nova geração de tecnologias baseadas na economia circular e na biotecnologia sustentável.

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