Além do desmatamento que cresce, principalmente dentro das reservas ambientais e territórios indígenas, o estado de Rondônia oculta verdadeiros pesadelos com projetos de Lei (PL) que prometem extinguir extensas faixas de terra.

Em 2021, as Reservas Guajará-Mirim e Jacy-Paraná só não terminaram por interferência do Ministério Público Estadual (MP-RO), que acionou a Justiça contra os projetos aprovados na Assembleia Legislativa (Alero). Diante das justificativas primárias para o fim das resex, os desembargadores da Corte votaram inconstitucional a extinção das florestas.
Caso a mudança ocorresse, as duas reservas perderiam em limites cerca de 220 mil hectares. A Lei partiu do próprio executivo estadual, sendo aprovada pelos legisladores em 2020 e sancionada logo em seguida. Mas Rondônia apenas pontua fatos que ficam à margem das transgressões contra o bioma amazônico.
DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE E RONDÔNIA. O QUE AMBOS TÊM EM COMUM?
A partir da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, hoje um político inelegível, o estado foi à dianteira pelas violações ambientais. Aqui, os crimes ambientais perpetuaram vertiginosamente, resultando na morte de ambientalistas. Ari Uru-Eu-Wau-Wau dedicou parte de toda a sua vida para proteger a floresta onde vivia, mas acabou assassinado por um crime que culminou em abril de 2024 com a condenação do réu, que alegou que matou o indígena por não “gostar dele”.

Após ser invadido por fumaça, imagens de Rondônia ganharam repercussão internacional e não escaparam nem mesmo do registro a partir da Estação Espacial Internacional (ISS). Foi o alerta de que as coisas não iam bem na Amazônia.

O resultado de tantas ações contra a natureza e o bem-estar da população vem criando defensores ambientais, intitulados como ‘guardiões da floresta’. Em 2021, a rondoniense Txai Suruí, de 27 anos, ganhou visibilidade ao pontuar os crimes ambientais na Amazônia e a urgência em combatê-los. “Precisamos tomar outro caminho com mudanças corajosas e globais. Não é 2030 ou 2050, é agora!”
“Rondônia tem muito a contribuir para a manutenção do clima e evitar os desastres ambientais futuros”, Ivaneide Bandeira.
Para a indigenista, ambientalista, mestra, guardiã e coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental – Kanindé, Ivaneide Cardozo, Rondônia pode fazer muito mais para defender o verdadeiro patrimônio da humanidade: a natureza. “Rondônia tem muito a contribuir para a manutenção do clima e evitar os desastres ambientais futuros”.
Ivaneide Bandeira Cardozo, a ‘Neidinha Suruí’, está envolvida há mais de 50 anos em ações que atuam em prol do meio ambiente, principalmente em sua base, o estado de Rondônia. Ela é mãe de Txai Suruí com o grande Almir Suruí, líder do Povo Paiter de Cacoal.
Em Rondônia, os três principais meses de estiagem, junho, julho e agosto, são considerados críticos até mesmo para a existência humana. O período já se mostra presente. Este ano de 2024, com as medidas de combate implantadas pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deve determinar a verdadeira ‘prova de fogo’ contra os criminosos ambientais. É justamente nesta data que os delitos na Amazônia, com as queimadas, ficam evidentes.