O fogo, esta centelha divina, é a própria essência da transformação e o símbolo eterno da luz que dissipa a escuridão. Ele é o guia dos homens e o guardião dos mistérios que residem nas sombras. Sem o fogo, o homem estaria perdido no frio e na noite eterna, privado do calor que sustenta e anima a vida, aquecendo os corpos e os corações, unindo aqueles que se reúnem ao seu redor em laços de comunidade e propósito comum. Ele é a manifestação da luz divina, combatendo a escuridão que obscurece a verdade. Em tempos de dúvida, a chama representa clareza e orientação, ajudando o buscador a encontrar seu verdadeiro caminho. Em noites de introspecção, o alquimista observa a chama de uma vela, meditando sobre suas próprias paixões e impulsos. Este ritual ajuda a trazer foco e propósito, alinhando o desejo pessoal com o divino. Em noites de comunhão, encontros de aprendizagem e celebração, os alquimistas se reúnem ao redor de uma fogueira. Aqui, histórias são contadas, conhecimentos partilhados, e a chama serve como testemunha dos votos de fraternidade e busca coletiva.
Na lua cheia, os alquimistas se reúnem ao redor da fogueira, onde cânticos e meditações são oferecidos ao fogo, invocando não apenas proteção, mas a inspiração necessária para continuar a Grande Obra. Ainda hoje, é possível ouvir ecos de orações ao fogo noite adentro. Algo como: “Oh, grandioso Fogo, manifestação sublime dos céus, presença viva do espírito universal! Em tuas chamas arde o poder transformador que molda e transfigura a essência da matéria. Aquele que busca o conhecimento alquímico deve primeiro compreender teu mistério, pois tu és a chave para a transmutação e a purificação da alma e da matéria!” E assim, como o fogo transforma a matéria, ele também simboliza a purificação da alma. Os alquimistas acreditam que, ao enfrentar o fogo interno das paixões e desafios, o espírito emerge mais forte e purificado. É o símbolo de renascimento, como a lendária fênix que ressurge de suas cinzas. Ele nos ensina que, após a destruição e o caos, vem a criação e a renovação.
Nas cerimônias litúrgicas, o fogo atua como um elo entre o humano e o divino. As chamas dançantes são vistas como a manifestação visível do espírito invisível, um lembrete da presença do divino em todo o cosmos. O Fogo Alquímico é um dos símbolos de transmutação. Nos textos antigos, o fogo é visto não apenas como um agente físico, mas como uma metáfora da transformação espiritual. Assim como o metal bruto é purificado pelo fogo, também o espírito humano encontra iluminação ao passar por tua prova ardente. O fogo é o agente que dissolve o impuro, revelando a essência pura e perfeita oculta em cada ser. Antes de iniciar qualquer obra alquímica, o alquimista deve acender uma vela, símbolo da chama do conhecimento divino que ilumina a escuridão da ignorância.
A chama deve ser mantida constante, representando a busca incessante pela verdade. E uma oração, ou súplica, ecoa: “Oh, fogo eterno, guardião dos segredos da natureza, guia-nos em nossa jornada alquímica. Que possamos aprender contigo a arte da transformação, a coragem de enfrentar nossas próprias sombras e a sabedoria de emergir renovados, como a fênix das cinzas. Assim é a promessa do fogo: destruição e renascimento, o ciclo interminável da vida! Que assim seja! Assim é! Em rituais de purificação, ervas sagradas são queimadas em brasas, e sua fumaça ascendente é vista como preces elevando-se aos céus. Este ato simboliza a purificação da mente e do corpo, preparando o alquimista para receber sabedoria. Na forja do alquimista, o Athanor, reside o microcosmo alquímico. É lá que o fogo realiza suas maravilhas. Local, onde o chumbo da ignorância é transformado no ouro da sabedoria. O fogo do athanor é alimentado não apenas por carvão, mas pela vontade e intenção do alquimista. E você, meu caro discípulo, ao contemplar a chama, o que ela revela sobre o fogo que arde dentro de ti?
Marco Mammoli é Mestre Conselheiro do Colégio dos Magos e Sacerdotisas.
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