Hoje tem espetáculo? A palavra ABRACADABRA é velha conhecida dos picadeiros, sempre acompanhada do “mágico”, da varinha e da cartola, por onde saem pombos e coelhos. O termo é amplamente difundido no imaginário popular como uma fórmula de encantamento ou feitiço, especialmente associada à tradição circense e, mais ainda, à magia tradicional.
No entanto, seu uso original remonta à Antiguidade, onde está associada a conotações sagradas, terapêuticas e protetivas. Etimologicamente, a palavra Abracadabra é derivada da expressão hebraica “Avrah KaDabra” que significa “Eu criarei conforme falo”. A consagrada escritora J. K. Rowling, autora do best-seller Harry Potter, declarou que a maldição assassina “Avada Kedavra”, narrada na série, é um antigo feitiço aramaico, origem de “Abracadabra”, que significa “que seja destruído”.
O registro mais antigo conhecido da palavra Abracadabra aparece no tratado Liber Medicinalis (Livro da Medicina), escrito por Quinto Sereno Samônico, médico romano que viveu no século II d.C.. Sereno prescrevia a palavra mágica para ser utilizada como um amuleto, de modo a afastar doenças, especialmente febres. A palavra Abracadabra deveria ser escrita em forma de triângulo invertido, no qual as letras da palavra são suprimidas, gradativamente, até um único “A”, na 11ª linha. O arranjo triangular do vocábulo mágico direciona para baixo as energias captadas do alto, triturando-as, esmagando-as e, como um funil, lançando-as nas profundezas. O vórtice de um poderoso turbilhão aniquila as energias negativas retiradas da luz, jogando-as às trevas do abismo sem fim, de onde jamais poderão sair.
A repetição da palavra em forma decrescente, de uso frequente nos amuletos antigos, é concebida como o enfraquecimento de forças maléficas que se dissipam letra por letra. A disposição da letra hebraica Alef (A), no início e à esquerda de cada linha, causa 11 repetições, remetendo ao fim das coisas.
Na Magia Cerimonial, especialmente nas tradições derivadas das ordens herméticas Golden Dawn e Thelema, Abracadabra é vista como uma palavra de poder que deve ser pronunciada com precisão, ritmo e intenção. A fonética da palavra tem valor vibracional, atuando sobre os centros energéticos do corpo sutil do operador. O ritual de pronúncia, acompanhado de gestos e visualizações, canaliza a energia astral para fins de cura, proteção, manifestação ou mesmo destruição.
Além disso, diversos grimórios medievais, como o Liber Juratus Honorii e o Picatrix , fazem uso de palavras semelhantes em seus encantamentos, com a finalidade de invocar inteligências celestes ou repelir espíritos adversos. Para os alquimistas, Abracadabra representa a transmutação da matéria pela palavra, a pedra filosofal sendo alcançada pela repetição e concentração da mente sobre o verbo criador. A palavra escrita e recitada atua como chave vibracional para abrir os portais entre o visível e o invisível.
Os amuletos contendo a palavra Abracadabra, especialmente quando consagrados, geram um sentimento de proteção, harmonizando o Ser com as forças misteriosas que governam o mundo, movidas pelos poderes superiores.
Com o declínio da Magia Cerimonial e o avanço do racionalismo no século XX, Abracadabra foi relegada ao folclore e ao entretenimento, esvaziada de seu conteúdo esotérico. Abracadabra sobrevive atualmente, principalmente como relíquia folclórica e comprometimento de seu sentido original.
No entanto, o uso persistente do verbo Abracadabra indica uma ressonância arquetípica do poder latente oculto no inconsciente coletivo, segundo Carl Jung. O renascimento do ocultismo nos círculos contemporâneos, tendo a força renovada no século XXI com a emergência de novas formas de espiritualidade, tem reabilitado o uso da palavra como ferramenta de meditação, sigilo ou procedimento mágico, frequentemente associada às práticas da Magia do Caos.
Pelo sim, pelo não, Abracadabra pode ser usado como um mantra poderoso para esmagar, triturar e filtrar as energias negativas e eliminação de todo e qualquer mal. Repita três vezes, com fé e ardor: ABRACADABRA!
Agora é só aguardar…
Giovanni Seabra
@giovanniseabra.esoterico
Grão-Mestre do Colégio dos Magos e Sacerdotisas
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