Os estudantes de Jornalismo da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) lançam mais uma edição do MORCEGADA, jornal experimental que reúne 15 reportagens voltadas à compreensão das complexidades sociais, culturais e estruturais de Rondônia. As produções formam um mosaico da identidade amazônida, evidenciando resistências históricas, desigualdades persistentes e manifestações culturais que ajudam a explicar o estado para além das narrativas superficiais.
A edição percorre as raízes culturais locais, abordando desde o legado nipônico em Porto Velho até a riqueza da chamada “beralinguagem”, marcada por expressões regionais e sotaques que enfrentam o preconceito linguístico. A diversidade amazônica também se manifesta nas águas do Lago Cuniã, onde a arte ribeirinha produzida por jovens estudantes traduz a vivência cotidiana da floresta em cores e formas.
Ao mesmo tempo, o MORCEGADA lança luz sobre problemas estruturais que atravessam a sociedade rondoniense. A intolerância religiosa contra o candomblé, o racismo estrutural que exclui corpos negros da ginástica rítmica e o abandono de animais de rua, tratado como questão de saúde pública e responsabilidade coletiva, compõem o retrato crítico apresentado pelos estudantes.
O olhar jornalístico também se volta às infraestruturas que sustentam — ou falham — no cotidiano da população. As reportagens expõem o pior índice de saneamento básico do país em Porto Velho, a crise aérea que encarece o direito de ir e vir e, em contraste, registram avanços como o alívio financeiro proporcionado pela nova faixa de isenção do Imposto de Renda e a redução histórica de 91% das queimadas em Rondônia em 2025.
A educação surge como eixo central das discussões, revelando o esgotamento de universitários que conciliam trabalho e estudo, o aumento da violência nas escolas e a luta solitária de professoras e famílias por uma inclusão efetiva de crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Criado em 2017, o site MORCEGADA se inspira em O Jornal da Morcegada, publicação impressa dos anos 1970 em Rondônia. Embora com linha editorial distinta, ambos compartilham o compromisso com a experimentação e a inovação jornalística. Ao homenagear a produção pioneira, o projeto se consolida como um espaço de jornalismo digital em profundidade, onde estudantes aprendem a contar a história de Rondônia com rigor, sensibilidade e senso crítico.
Veja a seguir algumas das matérias:
por João Victor
ARTE E EDUCAÇÃO: pinturas amazônicas destacam arte ribeirinha criada por estudantes
ENTRE “TCHIAS” E “LEITIS”: português falado em Porto Velho reflete a mistura de identidades
por Laiara Gonçalves e Naiara Souza
PRECONCEITO LINGUÍSTICO: falar se torna marca de exclusão
por Naiara Souza e Laiara Gonçalves
SOZINHAS NA INCLUSÃO: professoras relatam falta de apoio no ensino de crianças com TEA
por Jéssica de Carvalho e Lícia Torres
Famílias e escolas enfrentam desafios na inclusão de alunos com TEA
por Lícia Torres e Jéssica de Carvalho
GINÁSTICA RÍTMICA: corpos negros marcam exclusão no esporte
por Ana Beatriz Vieira
JOVENS UNIVERSITÁRIOS: rotina de trabalho aumenta dificuldade de formação
por Ana Rosa
PIOR ÍNDICE NACIONAL: Porto Velho tem menos de 10% de coleta de esgoto
por Amelia Neves
LEGADO NIPÔNICO: influência japonesa na formação de Porto Velho
por Fernanda Nabôa
ENTRE TAMBORES E SILENCIAMENTOS: intolerância religiosa persiste contra o candomblé
por Flávia Lohanna
por Patrick Prates
CRISE AÉREA EM RONDÔNIA: falhas estruturais deixam passageiros sem acesso a compromissos essenciais
por Aline Rodrigues












































