O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2025, “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”, foi avaliado por professores como relevante e atual, abrindo espaço para o debate sobre questões importantes como o etarismo—o preconceito contra uma pessoa por causa de sua idade—e a violação de direitos.
Para a professora de redação Bárbara Soares, que atua em Brasília, o tema é pertinente considerando o envelhecimento populacional do país e a necessidade de combater o etarismo. A docente sugeriu que os alunos poderiam abordar relações com desvios de recursos de aposentadorias e a urgência de novas políticas públicas.
“O Enem coloca uma lupa sobre um problema que está relacionado a grupos mais vulneráveis e de que premissas constitucionais estão sendo violadas”, afirmou Soares.
Contexto e Transformação Social
O professor Thiago Braga, do Rio de Janeiro, contextualizou a escolha do tema com dados demográficos: a projeção é que, em 2070, quase 40% da população brasileira será de idosos. Ele destacou que essa transformação na pirâmide etária é um tema interdisciplinar já discutido nas escolas.
O professor indicou que o Estatuto da Pessoa Idosa, de 2003, poderia ser uma referência importante para os participantes usarem como repertório sociocultural em suas redações.
A professora Rayana Roale, também do Rio de Janeiro, classificou o tema como de complexidade mediana, pois a questão da idade perpassa todas as camadas sociais. Ela acredita que a grande quantidade de informações e repertórios disseminados sobre o assunto facilitaria a abordagem pelos estudantes.
Debate de Direitos e Vulnerabilidade
Os especialistas concordaram que o exame acertou “em cheio” ao trazer a questão à luz. A professora Michele Marcelino, de São Paulo, considera que o tema permite discutir o etarismo, os direitos da pessoa idosa e os problemas enfrentados na sociedade contemporânea, como abandono e preconceito.
A presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Bianca Borges, reforçou que o tema provoca o debate sobre desafios como o acesso a trabalho digno, previdência social e saúde pública de qualidade, aspectos que exigem o desenvolvimento de políticas públicas. Ela também ressaltou o aspecto social e cultural do convívio e do respeito, mencionando a mudança no perfil dos alunos no ensino superior.
O debate ganha relevância diante da avaliação de que a “sociedade produtiva” muitas vezes tende a marginalizar as pessoas mais velhas, aspecto que poderia ter sido explorado na redação. A necessidade de convívio entre gerações é apontada por especialistas como uma receita de sucesso contra o etarismo.








































