O Dia Nacional do Livro, comemorado no Brasil nesta quarta-feira (29) – data do aniversário de fundação da Biblioteca Nacional (BN) –, é uma oportunidade crucial para estimular a leitura desde cedo. O presidente da BN, Marco Lucchesi, afirma que o hábito é fundamental para o desenvolvimento da pessoa.
“Sem dúvida alguma, a infância que começa com esse impacto de leitura acaba lendo o mundo dos livros e lê o livro do mundo”, disse Lucchesi em entrevista à Agência Brasil. Ele destacou que a leitura cria “viagens para outros mundos” e possibilidades de exercício de liberdade, imaginação, criatividade e, principalmente, empatia.
Segundo Lucchesi, a criança começa a compreender outras formas de vida e de mundo, o que a leva a ser um “adulto mais generoso, mais fraterno”. A Biblioteca Nacional celebra 215 anos de história, marcando uma política de memória que atravessa inúmeras gerações.
Fundação Biblioteca Nacional reforça acesso e inova com bibliotecas hospitalares
Com o objetivo de incentivar a leitura, a Fundação Biblioteca Nacional reforça a atuação da Casa da Leitura. Aberta em 1993, a unidade visa à formação de leitores e a garantir acesso democrático à literatura, com foco no público infantil e juvenil. A unidade funciona na Rua Pereira da Silva, 86, em Laranjeiras, zona sul do Rio de Janeiro.
Marco Lucchesi indicou que “a Casa da Leitura tem um papel fundamental diante dos desafios de criar novas vozes”. Essa estratégia foi ampliada recentemente com a inauguração de uma biblioteca em âmbito hospitalar. O pioneiro foi o Hospital Universitário Antonio Pedro (HUAP), da Universidade Federal Fluminense (UFF). A ideia é instaurar a biblioterapia, usando o livro como terapia para crianças neurodiversas, acompanhantes e equipes médicas.
“Nós vamos continuar trabalhando com essa meta de hospitais, porque queremos abrandar a espera para todo mundo. A gente quer humanizar esses espaços”, explicou Lucchesi.
Acadêmicos defendem o livro como ferramenta humanista e crítica
O professor Godofredo de Oliveira Neto, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), defendeu que o livro potencializa a cognição da criança e a conduz para um mundo mais humanista. Ele ressaltou a importância do livro para que a criança desenvolva, mais tarde, uma visão mais crítica e competente sobre política e ciência.
Oliveira Neto lembrou que o livro em papel “consegue sobreviver ao lado do e-book, do livro digital”, citando o exemplo da Suécia, que reverteu a decisão de abolir o livro impresso.
O presidente da ABL, Merval Pereira, complementou que o Dia Nacional do Livro é “um dia para celebrar o poder transformador da leitura em nossas vidas”. Ele destacou que, ao ler, as crianças “aprendem a reconhecer a importância do diálogo e da inclusão, valores cruciais para a vida moderna”.
Rio de Janeiro é a primeira cidade de língua portuguesa Capital Mundial do Livro
Hubert Alqueres, vice-presidente da Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais (Abrelivros) e curador do Prêmio Jabuti, avaliou que a data tem um sabor especial este ano, pois o Rio de Janeiro foi escolhido pela Unesco como Capital Mundial do Livro. É a primeira cidade de língua portuguesa a receber a distinção.
Alqueres afirmou que o livro ajuda a formar vocabulário, raciocínio, sensibilidade e criatividade nas crianças. “E, para quem está mais velho ou atravessando momentos difíceis de saúde, o livro é, muitas vezes, uma grande companhia”, concluiu.









































