Uma pesquisa inédita, realizada com mais de 2,3 milhões de estudantes do 6º ao 9º ano, aponta que menos de 40% deles valorizam e respeitam o professor. O estudo foi divulgado em 9 de setembro de 2025, em Brasília, e serve de base para a criação de uma nova política nacional focada nos anos finais do ensino fundamental. O levantamento é uma parceria do Ministério da Educação (MEC) com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), a União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e o Itaú Social.
De acordo com o relatório, a diferença na percepção dos alunos varia com a idade. Apenas 39% dos estudantes mais novos (6º e 7º anos) e 26% dos mais velhos (8º e 9º anos) demonstraram valorizar o professor.
Visão dos estudantes sobre a escola
A pesquisa, realizada durante a “Semana da Escuta das Adolescências nas Escolas”, mostrou que a visão dos alunos sobre o ambiente escolar muda com a idade. Enquanto 66% dos mais jovens sentem-se acolhidos pela escola, esse número cai para 54% entre os mais velhos.
A confiança em adultos na escola também diminui. 75% dos estudantes dos anos iniciais confiam em pelo menos um adulto, mas o percentual de quem se sente acolhido por esses adultos é de 58%, caindo para 45% entre os alunos mais velhos.
Adaptação e currículo escolar
A secretária da Secretaria de Educação Básica (SEB) do MEC, Katia Schweickardt, afirmou que a escuta dos adolescentes ajuda o Poder Público a entender a necessidade de adaptar as salas de aula para a realidade “multisseriada”. Ela defende que o currículo escolar deve ser mais do que uma lista de conteúdos. “Currículo, de fato, é uma perspectiva de vivência, de existência de uma escola que é significativa”, disse.
A pedagoga Tereza Perez, da organização Roda Educativa, concorda que a falta de atenção à diversidade dos alunos pode levar à evasão escolar. Ela ressalta a importância de reconhecer a heterogeneidade nas salas de aula e de não “culpabilizar” os alunos que não aprendem.
Para a estudante Dandara Vieira Melo, de 13 anos, que participou do lançamento do estudo, a escola é um lugar para aprender, socializar e fazer novas amizades. Ela, que havia se afastado dos estudos, conseguiu retomar sua trajetória escolar com o auxílio do Programa Travessia, iniciativa do Unicef no Acre.