No Brasil, ter um diploma de ensino superior pode mais que dobrar o salário de uma pessoa, uma diferença maior do que a média dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). A informação consta no relatório Education at a Glance 2025, que analisou o desempenho da educação em 38 nações, incluindo o Brasil, que é parceiro-chave da organização.
O relatório aponta que brasileiros entre 25 e 64 anos com ensino superior completo ganham, em média, 148% a mais do que aqueles com apenas o ensino médio. Essa disparidade é significativamente maior do que a média da OCDE, que é de 54%. O Brasil fica atrás somente da Colômbia e da África do Sul, que registram diferenças ainda maiores.
Apesar dos benefícios financeiros, o acesso a essa etapa de ensino ainda é limitado. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 20,5% dos brasileiros com 25 anos ou mais têm formação universitária. Outro ponto de preocupação é a alta taxa de abandono: 25% dos alunos desistem do curso após o primeiro ano, quase o dobro da média da OCDE, de 13%.
Evasão e investimentos
A alta evasão no ensino superior pode indicar uma falta de alinhamento entre as expectativas dos estudantes e o que os programas de estudo oferecem. Além disso, menos da metade dos estudantes brasileiros (49%) conclui o curso até três anos depois do período esperado, contra 70% na média da OCDE.
O relatório também destaca que, embora o investimento público por estudante no Brasil seja inferior à média da OCDE (US$ 3.765 contra US$ 15.102, respectivamente), quando comparado ao Produto Interno Bruto (PIB), o percentual é semelhante, correspondendo a 0,9%.
Para o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann, é fundamental fortalecer a orientação profissional no ensino médio e criar programas mais flexíveis e inclusivos no ensino superior, para aumentar as taxas de conclusão e o retorno sobre o investimento feito na educação.