Um levantamento do Todos Pela Educação, baseado em dados da PNAD Contínua e do Censo Escolar, revela que quase 2,3 milhões de crianças de 0 a 3 anos estão fora da creche no país. O problema da falta de creche é mais grave para as famílias mais pobres, que enfrentam maior dificuldade para conseguir uma vaga. Isso impacta tanto o desenvolvimento das crianças quanto a renda de seus pais.
A história da diarista Bruna Guimarães, de Mauá (SP), ilustra a situação. Ela precisou ficar mais de dois anos sem trabalhar e deixou de receber cerca de R$ 2,5 mil por mês, enquanto aguardava uma vaga para o filho. Apenas após a criança ser matriculada, Bruna pôde retornar ao mercado de trabalho.
A desigualdade no acesso e os benefícios da educação infantil
O estudo mostra uma grande desigualdade. Apenas 6,1% das famílias mais ricas têm dificuldade de acesso à creche, enquanto esse número é superior a 28% entre as famílias mais pobres. Isso demonstra que a oferta de educação infantil não tem chegado de forma equitativa a todos.
Gabriel Corrêa, diretor de Políticas Públicas do Todos Pela Educação, destaca os benefícios da creche para as crianças. Aquelas que frequentam a educação infantil têm uma trajetória escolar mais bem-sucedida. Em contrapartida, as que não têm acesso a esse ambiente de aprendizado podem apresentar mais dificuldades de alfabetização e maior chance de atrasos no desenvolvimento escolar.
Para lidar com a questão, o governo federal criou a Política Nacional Integrada para a Primeira Infância (PNIPI). Além disso, está em discussão uma nova meta para o Plano Nacional de Educação (PNE), que busca garantir a matrícula de 60% das crianças de até 3 anos.