O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Campus Porto Velho Zona Norte, busca a formação de profissionais com sensibilidade social, visão crítica e capacidade de inovação. Uma das mais recentes expressões desse compromisso foi a defesa do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) intitulado “ODS Adventure: Uso da Gamificação no Ensino dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável para Crianças Autistas”, desenvolvido pelos estudantes do Curso Superior de Tecnologia em Sistemas para Internet: Gabriel Morais e Daniel Gaio.
Orientado pelos Professores Ivanilse Calderon e Felipe Maia, o projeto propõe uma solução tecnológica inclusiva para um desafio real: promover o acesso de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) ao conhecimento sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), propostos pela ONU (Organização das Nações Unidas). Para isso, os estudantes desenvolveram o protótipo de um jogo educacional no estilo RPG, que utiliza recursos de gamificação como ferramenta pedagógica acessível, lúdica e significativa para esse público.
A proposta foi estruturada com base no Design Thinking e no modelo Double Diamond, conduzindo todas as etapas do desenvolvimento — da empatia com o público-alvo à entrega do protótipo funcional. O jogo está, atualmente, em fase de avaliação por especialistas como psicopedagogos, terapeutas e educadores, que analisam sua aplicabilidade e impacto na aprendizagem.
Para Gabriel Morais, a experiência foi transformadora: “Desenvolver o ODS Adventure foi muito especial. A ideia de criar um jogo que ensina os 17 ODS para crianças autistas nos motivou desde o começo. Aprendi muito, não só sobre programação, mas também sobre inclusão e como a tecnologia pode ter um papel social importante”. O acadêmico também destacou o desejo de seguir aprimorando a proposta: “Os próximos passos envolvem desenvolver o jogo por completo, testá-lo com crianças autistas da educação básica e registrá-lo no INPI”.
Daniel Gaio, coautor do projeto e estudante autista, trouxe uma dimensão ainda mais profunda à proposta. “Como autista, esse projeto teve um significado ainda maior pra mim. Pude usar minha experiência pessoal pra ajudar a pensar em como o jogo poderia ser mais acessível e acolhedor. Aprendi muito sobre como adaptar a tecnologia pra diferentes formas de aprender”, afirmou.
A apresentação do trabalho foi acompanhada por uma banca avaliadora composta pelos docentes Mariela Tamada, Alan Jhone, Renato Almeida e Francelena Arruda, que destacaram a relevância e a sensibilidade da proposta. Para Alan Jhone, Coordenador do Curso de Sistemas para Internet, o trabalho representa “uma significativa contribuição para a educação ao integrar dois temas de extrema relevância: os ODS e a educação inclusiva”. Ele também ressaltou o comprometimento da equipe e o potencial prático da iniciativa.
A Professora Mariela Tamada apontou que o projeto foi construído de forma transversal, com base em diversas disciplinas do curso, destacando sua criatividade e propósito social. Já a Professora Francelena Arruda avaliou que a proposta atende de forma adequada às necessidades pedagógicas de crianças com TEA, promovendo o equilíbrio entre estímulo e desafio no processo de aprendizagem.
O percurso dos estudantes, especialmente o de Daniel Gaio, foi acompanhado com proximidade e afeto pela psicopedagoga Alderlene da Silva Costa, que relatou o impacto emocional de ver o projeto chegar à defesa. Para ela, o trabalho é fruto de acolhimento, parceria e superação. “Daniel enfrentou inúmeros desafios ao longo do caminho, mas sua conquista é prova de que, com apoio e sensibilidade, é possível superar barreiras. O papel de Gabriel também foi essencial, não apenas como parceiro de trabalho, mas como suporte afetivo e acadêmico”. Alderlene também destacou a presença constante da família de Daniel como base fundamental para que ele não desistisse. “Cada pequena conquista foi uma grande vitória”, completou.
Mais do que uma entrega acadêmica, o ODS Adventure reafirma o papel do IFRO Campus Porto Velho Zona Norte como instituição comprometida com a formação cidadã, ética e inclusiva. Os docentes apontam que projetos como esse mostram que a tecnologia, quando orientada por valores humanos, pode se transformar em ponte entre conhecimento, empatia e transformação social.