A quantidade de estudantes que concluem o ensino fundamental e o Ensino Médio no Brasil avançou consideravelmente nos últimos dez anos. No entanto, um estudo feito pela organização Todos pela Educação concluiu que o ritmo é insuficiente para diminuir a disparidade baseada em critérios de renda e cor/raça.
A pesquisa avaliou os índices de conclusão na idade correta (19 anos para o médio), comparando dados de 2015 e 2025, baseados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE.
A taxa de concluintes do ensino médio até os 19 anos passou de 54,5% em 2015 para 74,3% em 2025, um crescimento de 19,8 pontos percentuais na década. O avanço é atribuído a melhorias pedagógicas e políticas importantes, segundo a organização.
O fator mais determinante para a conclusão é a renda. A diferença na taxa entre os 20% mais pobres e os 20% mais ricos caiu, mas ainda é de 33,8 pontos percentuais em 2025 (60,4% versus 94,2%).
A gerente de Políticas Educacionais do Todos pela Educação, Manoela Miranda, destacou que, se mantido o ritmo atual, os jovens mais pobres só terão as mesmas chances de conclusão que os mais ricos em mais de duas décadas.
O critério de cor ou raça, embora menos determinante que a renda, ressalta diferenças. Em 2025, a taxa de conclusão foi de 81,7% para estudantes brancos e amarelos, e de 69,5% para pretos, pardos e indígenas (PPI), uma diferença de 12,2 pontos percentuais.
Mesmo entre os mais pobres, a questão racial tem impacto. Os homens PPI mais pobres têm a menor taxa de conclusão, 78,6%. Já as mulheres PPI mais pobres apresentam 86,5%, superando ligeiramente as brancas e orientais na mesma faixa de renda (85,5%).
Disparidade regional é acentuada
A disparidade regional também permanece relevante. As maiores evoluções na década ocorreram no Norte (de 43,4% para 69,1%) e no Nordeste (de 46,3% para 69,3%). Apesar do avanço, estas regiões continuam distantes do Sudeste (79,6%), Centro-Oeste (75,4%) e Sul (73,6%) em taxas de conclusão na idade correta.
A organização defende a ampliação de políticas de apoio à continuidade de estudos, como o ensino integral, para evitar a evasão e acelerar a redução das desigualdades socioeconômicas, raciais e regionais.











































