Trabalhadores de diferentes segmentos apresentaram, nesta quinta-feira (16), em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, suas opiniões sobre os impactos do projeto de lei que propõe isentar do Imposto de Renda (IR) quem recebe até R$ 5 mil por mês.
O projeto, aprovado na Câmara dos Deputados, prevê compensações para a perda de receita e institui uma alíquota mínima de 10% do IR para pessoas físicas com rendimentos acima de R$ 600 mil por ano, grupo que atualmente paga cerca de 2,5% sobre os rendimentos totais. Para rendimentos entre R$ 5 mil e R$ 7.350 mensais, está prevista redução gradual do imposto.
Justiça social e correção histórica
O comerciário Tiago Bitencourt Neves afirmou que atualizar a tabela do IR é uma questão de justiça social. “O Brasil precisa de sistema que taxe o luxo, e não o arroz e o feijão. Que cobre de quem vive de especulação, como os bancos. Que taxe as bets, super-ricos e bilionários”, disse.
Jadiel de Araujo Santos, do setor de serviços, destacou a oportunidade de corrigir uma defasagem histórica, devolvendo dignidade e poder de compra às famílias: “Quem ganha até R$ 5 mil não é privilegiado, é quem faz o país ficar de pé.”
Impactos para os trabalhadores
O setor financeiro também foi representado. Juliano Rodrigues Braga, bancário, destacou que a isenção trará impacto direto de cerca de R$ 2,5 mil por ano, valor que considera essencial para despesas básicas.
A gerente de posto de combustíveis Silvia Letícia Alves Mattar, que recebe R$ 3,8 mil, afirmou que o benefício equivale a “praticamente um 14º salário” e ajudará a movimentar o comércio. O metalúrgico Claudionor Vieira do Nascimento afirmou que 68% dos trabalhadores da região do ABC deixarão de pagar ou terão o IR reduzido.
Mobilização e direitos
O frentista Willian Ferreira da Silva relacionou a medida à melhoria da qualidade de vida e à redução da jornada de trabalho: “Capital não gera renda por ele próprio. As empresas têm sempre, atrás dela, o trabalhador”.
O trabalhador do setor químico José Evandro Alves da Silva incentivou a mobilização popular: “Temos de ir novamente às ruas, como fizemos recentemente”.
Segundo os participantes, a medida representa uma compensação justa, cobrando mais de quem tem renda elevada e beneficiando quem sustenta a economia do país.