O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (7 de outubro de 2025, em Brasília), que o Brasil apresentará os melhores argumentos econômicos nas negociações com os Estados Unidos. O objetivo é reverter o tarifaço imposto a produtos brasileiros exportados para o país norte-americano.
O principal argumento, segundo Haddad, é que a medida está encarecendo o custo de vida do povo estadunidense. O ministro mencionou que o consumidor nos Estados Unidos está pagando mais caro por itens como café e carne, além de ter o acesso dificultado a produtos brasileiros de alta qualidade, tanto do agronegócio quanto da indústria.
“O papel do Ministério da Fazenda e do Ministério do Desenvolvimento [MDIC] é justamente oferecer os melhores argumentos econômicos para mostrar, inclusive, que o povo dos Estados Unidos está sofrendo com o tarifaço.”
O ministro reforçou que o governo dos Estados Unidos está percebendo que as sobretaxas impulsionadas pelo presidente Donald Trump “mais prejudicaram do que favoreceram” o país. Haddad lembrou que os Estados Unidos possuem superávit comercial em relação ao Brasil e têm grandes oportunidades de investimento no país, especialmente em áreas como transformação ecológica, terras raras, minerais críticos e energia limpa.
Negociações diplomáticas e desinformação
As declarações de Haddad vêm na sequência da videoconferência realizada na segunda-feira (6) entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. Na conversa, Lula solicitou formalmente a retirada da sobretaxa de 40% e das medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras.
Trump designou o secretário de Estado Marco Rubio para dar continuidade às negociações. Os presidentes também trocaram contatos para comunicação direta e planejam um encontro pessoal em breve.
Haddad expressou confiança na estratégia diplomática adotada por Lula. Para o ministro, a diplomacia brasileira, que ele considera “das melhores do mundo”, irá prevalecer e “render os melhores frutos”. Ele classificou o tarifaço como um “equívoco muito grande”, motivado por desinformação, e não pela realidade dos fatos.
O ministro sugeriu que a ação de grupos de extrema direita brasileiros estaria desinformando o governo americano sobre a situação no país. Haddad afirmou que é cada vez mais evidente para o governo dos Estados Unidos e para o mundo que o Brasil segue as regras democráticas do Estado de Direito.
O que é o tarifaço
O tarifaço faz parte da nova política de comércio internacional iniciada pela Casa Branca, sob o governo Donald Trump, que busca elevar tarifas contra parceiros comerciais. A política visa reverter a perda relativa de competitividade da economia norte-americana.
Inicialmente, em 2 de abril, Trump impôs uma taxa mais baixa, de 10%, ao Brasil. No entanto, em 6 de agosto, uma tarifa adicional de 40% entrou em vigor, em retaliação a decisões brasileiras que, segundo Trump, prejudicariam as big techs estadunidenses. A sobretaxa também foi uma resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado por tentar liderar um golpe após as eleições de 2022.