As vendas para o Dia das Crianças, que será celebrado em 12 de outubro, devem injetar R$ 9,96 bilhões no comércio brasileiro. O valor representa um crescimento real de 1,1% em comparação com o ano passado, quando o total foi de R$ 9,85 bilhões, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Se confirmada, a projeção fará de 2025 o melhor Dia das Crianças dos últimos 12 anos, superando todas as marcas desde 2014 (R$ 10,5 bilhões).
O Dia das Crianças é a terceira data mais importante para o comércio nacional, ficando atrás apenas do Natal e do Dia das Mães. A maior parte das vendas, cerca de 27% do montante, deve ser destinada ao setor de vestuário e calçados.
Fatias do mercado
A CNC detalhou a expectativa de faturamento por segmento:
Vestuário, calçados e acessórios: R$ 2,71 bilhões
Eletroeletrônicos e brinquedos: R$ 2,66 bilhões
Farmácias, perfumarias e cosméticos: R$ 2,15 bilhões
Móveis e Eletrodomésticos: R$ 1,29 bilhão
Hiper e supermercados: R$ 690 milhões
Juros e inflação limitam crescimento
O economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, avalia que o aumento de 1,1% nas vendas de 2024 para 2025 poderia ser bem maior. Segundo ele, o crescimento está sendo limitado pelo atual cenário econômico, que combina juros altos e inflação ainda elevada.
“A combinação desses dois fatores explica por que as vendas não vão acelerar este ano, mesmo com o mercado de trabalho tão bom”, analisou Bentes. O juro elevado, com a taxa Selic em 15% ao ano, encarece o crédito e obriga o consumidor a ser mais seletivo nas compras não essenciais. O custo médio do crédito para o consumidor atingiu 57,65% ao ano em julho, o maior patamar para o mês desde 2017.
Impacto da inadimplência e preços
O cenário de crédito caro também tem elevado a inadimplência, que chegou a 30,4% das famílias com contas em atraso, o maior percentual já registrado pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) desde 2010. Além disso, o comércio nacional já vinha de uma sequência de quatro meses de queda nas vendas, de acordo com o IBGE.
O estudo da CNC também mostrou que a inflação dos produtos típicos do Dia das Crianças ficou acima do índice geral, registrando alta média de 8,5% em relação ao ano anterior. Itens como Chocolates (24,7%), Doces (13,9%), Lanche (10,9%) e Cinema, teatro e concertos (10,3%) apresentam inflação de dois dígitos. Já itens como brinquedos (4,1%) e roupas infantis (3,3%) tiveram inflação menor que o índice geral. Bentes sugere a “boa e velha pesquisa de preço” como estratégia para o consumidor.