O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revisou para baixo a sua projeção para a inflação oficial do Brasil em 2025. A estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 5,2% para 4,8%. A decisão, divulgada nesta terça-feira, 30 de setembro de 2025, no Rio de Janeiro, alinha-se à avaliação do Banco Central (BC), que também fez uma revisão recente para o mesmo patamar.
De acordo com a Carta de Conjuntura, assinada pelas pesquisadoras Maria Andréia Parente Lameiras e Tarsylla da Silva de Godoy Oliveira, o “ambiente inflacionário brasileiro apresenta sinais de maior moderação, embora siga desafiador”. A nova previsão do Ipea se aproxima da meta máxima de inflação perseguida pelo BC, que é de 4,5% (3% com tolerância de 1,5 p.p.).
Câmbio e alimentos explicam a queda
Dois fatores principais motivaram a redução na projeção da inflação. O primeiro é a valorização do real frente ao dólar, que apreciou cerca de 5% no último trimestre, aliviando pressões sobre bens industriais, combustíveis e alimentos.
O segundo fator é a queda sucessiva nos preços dos alimentos, registrada pelo IBGE pelo terceiro mês seguido em agosto, impulsionada pela expansão da oferta e previsão de safra recorde. Por isso, a expectativa de inflação do grupo alimentos foi drasticamente reduzida, passando de 6,7% para 4,4% para o final do ano.
Juro alto e mercado de trabalho aquecido
Apesar da redução na inflação geral, o Ipea manteve a projeção para o grupo de serviços em 6,2%. As pesquisadoras justificam a decisão citando o mercado de trabalho aquecido, que mantém as pressões sobre esse setor. A taxa de desocupação no trimestre encerrado em agosto, de 5,6%, foi a mais baixa da série histórica, iniciada em 2012.
As autoras do estudo ressaltam, no entanto, que o avanço na redução da inflação tem sido “bem gradual e com custo elevado em termos de política monetária”. A taxa básica de juros (Selic) está em 15% ao ano desde junho de 2025, patamar que encarece o crédito e desestimula investimentos, freando a atividade econômica.
Ipea reduz INPC
O Ipea também ajustou para baixo a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede o custo de vida de famílias com renda de até cinco salários mínimos. O índice, que é usado para corrigir salários e o salário mínimo, passou de uma projeção de 4,9% para 4,5%.