Um estudo recente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) aponta que o cultivo de alface em campos abertos no Brasil pode se tornar inviável durante o verão daqui a cerca de 50 anos. A hortaliça, conhecida por ser vulnerável a altas temperaturas, é uma das culturas mais afetadas pelo aumento da temperatura provocado pelas mudanças climáticas.
De acordo com o engenheiro-agrônomo Fábio Suinaga, pesquisador da Embrapa Hortaliças, a adaptação da espécie ao calor é mínima. Em um cenário otimista de aquecimento global, 97% do território brasileiro teria risco alto ou muito alto para o cultivo de alface no verão entre 2071 e 2100. Em um cenário pessimista, com maior elevação de temperatura, essa proporção chegaria a 87,7% em risco “muito alto”.
Efeitos do calor e adaptação
O calor extremo causa danos à alface, como a queima das bordas e o florescimento precoce (pendoamento), que comprometem a qualidade e o sabor da hortaliça. Para se adaptar a esse cenário, a Embrapa tem focado em pesquisas para desenvolver cultivares mais tolerantes ao calor, como a alface BRS Mediterrânea, que tem um ciclo de crescimento mais rápido, e espécies com raízes mais vigorosas.
O pesquisador Carlos Eduardo Pacheco, da Embrapa, ressalta que o estudo é crucial para o desenvolvimento de estratégias de adaptação. Ele destaca a urgência de repensar os sistemas produtivos de hortaliças, que são mais sensíveis a mudanças de temperatura do que culturas como milho ou soja.
Atualmente, a maior parte da produção de alface no Brasil acontece em campos abertos. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), São Paulo é o principal produtor do país.