O consumo das famílias, que representa 63,8% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, foi o principal responsável pelo crescimento de 0,4% da economia no segundo trimestre deste ano. A alta foi impulsionada pela expansão de 0,5% nesse setor, conforme revelado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As exportações também contribuíram, com um crescimento de 0,7%.
Apesar do resultado positivo, o ritmo de crescimento desacelerou em comparação ao primeiro trimestre, que havia crescido 1,3%. A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, atribuiu essa desaceleração à política monetária restritiva do Banco Central, que mantém a taxa básica de juros (Selic) em um patamar elevado de 15% ao ano.
Juros altos e a resiliência da economia
Mesmo com os juros altos, que visam conter a inflação, a economia brasileira tem demonstrado resiliência. Rebeca Palis explicou que o consumo das famílias atingiu um patamar recorde no segundo trimestre, graças ao dinamismo do mercado de trabalho e às políticas fiscais de transferência de renda.
Os dados recentes do IBGE mostram que a taxa de desocupação do Brasil está em 5,8%, a menor da série histórica, e o rendimento médio mensal do trabalhador alcançou R$ 3.477. Além disso, o programa Bolsa Família, com valor médio de R$ 671,54, beneficia 19,19 milhões de famílias, ajudando a manter o poder de compra. A pesquisadora ainda observou que o crédito para pessoas físicas continua crescendo, mesmo com a Selic alta.
Impacto das exportações e relação com os EUA
O crescimento das exportações no segundo trimestre não reflete os efeitos do aumento de tarifas imposto pelos Estados Unidos, já que a medida de Donald Trump começou a valer apenas em agosto. De acordo com a pesquisadora, o impacto do chamado “tarifaço” será sentido a partir dos dados do terceiro trimestre, mas é relativizado pelo fato de a economia brasileira ser mais focada no consumo interno e por a China ser seu principal parceiro comercial.
A participação dos Estados Unidos nas exportações brasileiras caiu de 24,4% em 2001 para 12,2% em 2024. Segundo o vice-presidente Geraldo Alckmin, a medida afeta apenas 3,3% das exportações brasileiras.