O recente aumento das tarifas de importação nos Estados Unidos, que afeta mais de 3 mil itens, está gerando incertezas para exportadores brasileiros. A medida, que entrou em vigor na quarta-feira (6), pressiona empresas a encontrarem rapidamente novos mercados para sua produção, um processo que exige esforço e planejamento específico.
Para apoiar as empresas nesse desafio, existe um ecossistema público-privado que envolve órgãos como o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), e o SEBRAE.
Apoio governamental e diplomacia
Em coletiva de imprensa, o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, afirmou que a agência vai dar apoio urgente a setores como o de produtores de mel, que dependem exclusivamente do mercado americano. Ele adiantou que um plano de apoio, semelhante ao destinado às empresas atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul em 2024, deve ser anunciado em breve pela Presidência da República.
A ApexBrasil também abrirá um escritório em Washington para negociar diretamente com o governo americano. Segundo Viana, a tarifa de 50% não tem motivação comercial e é resultado da atuação de grupos políticos, o que pode levar a negociações para criar alternativas de mercado para os produtos brasileiros.
Dados da ApexBrasil mostram que, no primeiro trimestre de 2025, o Brasil exportou US$ 77,3 bilhões. A China, a União Europeia e os Estados Unidos foram os principais destinos, mas a dependência de poucos parceiros comerciais, especialmente dos EUA, traz um sinal de alerta para a pauta de exportações.
Desafios e oportunidades em mercados alternativos
A busca por novos mercados não é simples. Como explica Bruno Meurer, da Next Shipping, empresas que exportam carne bovina, por exemplo, não encontrarão um novo comprador tão rapidamente, já que o produto foi um dos que tiveram a tarifa aumentada. A concentração de exportações em poucos países, como a China, também representa um risco.
O processo de exportação para novos mercados envolve uma série de adaptações. A especialista em comércio exterior Stefânia Ladeira, da Saygo Comex, explica que é preciso considerar as demandas de cada país, como certificações, embalagens específicas e adaptações no produto. A produção de aves para países muçulmanos, que exige a certificação Halal, é um exemplo de sucesso de adaptação.
Além disso, os acordos internacionais de comércio são essenciais. O advogado Diego Joaquim, especialista em direito aduaneiro, destaca que o aumento de acordos de complementação econômica tem criado oportunidades em diversos países, mas cada um tem suas próprias regras e procedimentos de importação. A diversificação de mercados, portanto, é um processo estratégico e de longo prazo.