O Banco Central (BC) prevê que a taxa básica de juros, a Selic, permanecerá em patamar elevado por um “período prolongado de tempo”. Essa avaliação consta na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada em 5 de agosto de 2025. O colegiado decidiu, na reunião de 30 de julho, manter a Selic em 15% ao ano, o maior nível desde 2006.
A decisão foi influenciada por incertezas no cenário internacional, como o “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos ao Brasil, e pela inflação doméstica, que segue acima da meta. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial, está em 5,35% nos últimos 12 meses, superando o teto da meta do governo, que é de 4,5%.
Fatores internos e externos
O Copom destaca que o cenário de inflação continua desafiador. A ata cita o ambiente externo “mais adverso e incerto”, mencionando as novas tarifas comerciais dos Estados Unidos como um fator de risco. Segundo o documento, a incerteza faz o colegiado “preservar uma postura de cautela”.
Internamente, as expectativas de inflação estão “desancoradas”, ou seja, não convergem para o centro da meta de 3%. Embora a alta no preço dos alimentos tenha desacelerado, as projeções para 2027 ainda se mantêm acima do desejado. O mercado de trabalho aquecido, com recorde de emprego e renda, também é apontado como um fator que sustenta a inflação.
Os desafios da política fiscal
O Banco Central reconhece que o ciclo de alta de juros, iniciado em setembro de 2024, já começa a esfriar a economia, principalmente no mercado de crédito. No entanto, os diretores alertam para os desafios impostos pela política fiscal do governo.
A ata sugere que a falta de disciplina fiscal e as incertezas sobre a dívida pública podem elevar a taxa de juros neutra da economia. Isso enfraqueceria a política monetária e tornaria o combate à inflação mais custoso. Por ora, o comitê busca analisar os efeitos do ajuste de juros já realizado antes de novas decisões.