A Secretaria do Tesouro dos Estados Unidos (EUA) entrou em contato com o Ministério da Fazenda para agendar uma reunião sobre o tarifaço imposto pelo governo de Donald Trump a parte das exportações brasileiras. O ministro Fernando Haddad, em Brasília, confirmou o contato nesta quinta-feira, 31 de julho de 2025, destacando que ainda não há data definida para o encontro, mas que as negociações estão em um “ponto de partida mais favorável” do que o esperado, apesar das “muitas injustiças” nas medidas anunciadas.
Cenário Atual e Impactos do Tarifaço
O contato com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, marca o início de uma nova rodada de negociações, após um encontro anterior em maio, antes do anúncio das tarifas. Embora cerca de 700 produtos tenham sido excluídos da lista do tarifaço de 50%, poupando cerca de 43% dos valores exportados para os Estados Unidos, o impacto é considerado “dramático” para alguns setores. No setor mineral, por exemplo, aproximadamente 25% dos produtos foram taxados.
Plano de Contingência e Apoio a Setores Afetados
Apesar das exceções, Haddad afirmou que o governo divulgará nos próximos dias medidas para auxiliar as empresas brasileiras prejudicadas pelas tarifas. Ele ressaltou que, embora alguns setores poupados tragam alívio, é crucial proteger aqueles que ainda são afetados, especialmente os menores e mais frágeis. O pacote de ajuda incluirá linhas de crédito e outras formas de apoio.
O ministro reconheceu que mesmo setores de grandes matérias-primas (commodities) que possuem mercado global precisarão de tempo para se adaptar às novas condições. “Você não muda um contrato de uma hora para outra. Temos que analisar caso a caso e vamos ter as linhas [de crédito] para isso”, explicou Haddad, garantindo que o governo não deixará ninguém desamparado.
Interferência e Soberania
Fernando Haddad reafirmou que a tentativa de interferência no julgamento da tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF) não pode fazer parte da mesa de negociação. Ele enfatizou a independência do Poder Judiciário brasileiro em relação ao Executivo.
“Talvez o Brasil seja uma das democracias mais amplas do mundo, ao contrário do que a Ordem Executiva [do Trump] faz crer. Nós temos que explicar que a perseguição ao ministro da Suprema Corte [Alexandre de Moraes] não é o caminho de aproximação entre os dois países”, declarou o ministro da Fazenda, reforçando a posição brasileira sobre a soberania e a não intromissão em assuntos internos.