A partir de 6 de agosto de 2025, a exportação do café brasileiro para os Estados Unidos enfrentará uma taxação de 50%. Essa medida gera incertezas para o setor cafeeiro nacional, que ainda tenta ser excluído da lista de produtos afetados pelo governo norte-americano, conforme informou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP).
Impacto da Nova Tarifa
De acordo com pesquisadores do Cepea, a alta tarifa poderá forçar os produtores brasileiros a redirecionar parte de sua produção para outros mercados. Isso exigirá “agilidade logística e estratégia comercial para mitigar os prejuízos à cadeia produtiva nacional”. Os Estados Unidos são o principal destino das exportações de café do Brasil, responsáveis por cerca de 23% das importações de café brasileiro em 2024, especialmente da variedade arábica, essencial para a indústria de torrefação local.
Em comparação, a Colômbia representou cerca de 17% das importações norte-americanas, e o Vietnã contribuiu com aproximadamente 4%. Para o Cepea, a elevação do custo de importação deve comprometer a viabilidade de toda a cadeia interna dos EUA, que inclui torrefadoras, cafeterias, indústrias de bebidas e redes de varejo, uma vez que os Estados Unidos não produzem café.
O Cepea avalia que a eventual entrada em vigor da tarifa “tende a impactar não apenas a competitividade do café nacional, mas também os preços ao consumidor norte-americano e a formulação dos blends tradicionais, que utilizam os grãos brasileiros como base sensorial e de equilíbrio”.
Negociações em Andamento
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, oficializou a proposta de taxação de produtos brasileiros em 30 de julho, mas a Ordem Executiva incluiu cerca de 700 exceções, como suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes e aeronaves civis.
Infelizmente, o café não entrou nessa lista de exceções. Por isso, logo após o anúncio de Trump, o Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé) afirmou que continuará as tratativas para que o café seja incluído na lista de produtos brasileiros que ficarão isentos da taxação.