A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda revisou para cima a estimativa de crescimento da economia brasileira para este ano, passando de 2,4% para 2,5%. A nova projeção consta do Boletim Macrofiscal, divulgado nesta sexta-feira, 11 de julho de 2025, em Brasília. Em relação à inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o documento reduziu a projeção para 2025 de 5% para 4,9%.
O aumento na projeção para o Produto Interno Bruto (PIB), que representa a soma das riquezas produzidas no país, deve-se principalmente à revisão para cima das estimativas para a produção agropecuária e ao bom desempenho do mercado de trabalho. No entanto, o levantamento não considerou os possíveis efeitos da recente taxação imposta pelo governo de Donald Trump às exportações brasileiras, pois os números foram fechados antes do anúncio.
Apesar da elevação na previsão de crescimento para o PIB, a SPE antecipa uma desaceleração da economia no segundo semestre de 2025. Para 2026, a estimativa de crescimento do PIB foi ligeiramente reduzida de 2,5% para 2,4%. Em relação ao IPCA, a projeção de 4,9% para 2025 continua acima do teto da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual (atingindo um limite superior de 4,5%). Para 2026, a estimativa de inflação foi mantida em 3,6%.
Impactos das Tarifas Americanas e Desempenho Setorial
A SPE informou que os possíveis impactos da elevação de tarifas de 10% para 50% por parte do governo de Donald Trump deverão se concentrar em alguns setores específicos da economia brasileira. “A carta que comunicou a elevação da tarifa justifica a decisão por razões apenas políticas, gerando grande insegurança. O impacto da medida deve ser concentrado em alguns setores específicos, influenciando pouco a estimativa de crescimento em 2025”, detalha o documento.
Além de revisar a projeção do crescimento econômico geral, a SPE também atualizou as estimativas para os setores produtivos. Para a agropecuária, o crescimento esperado para o PIB subiu de 6,3% para 7,8%, refletindo as altas nas estimativas para as safras de milho, café, algodão e arroz. A projeção para a expansão dos serviços também foi elevada, passando de 2% para 2,1%. Já para a indústria, a expectativa de crescimento caiu de 2,2% para 2%. Segundo a SPE, o setor industrial, após resistir por vários meses, começa a ser afetado pelos juros altos.
Outros Índices de Inflação e Cronograma de Relatórios
Em relação aos demais índices de inflação, a SPE revisou as estimativas. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que serve de base para o salário mínimo e aposentadorias, deverá encerrar 2025 com variação de 4,7%, ligeiramente abaixo dos 4,9% previstos no boletim anterior. A projeção para o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), que engloba os setores atacadista, de construção civil e o consumidor final, caiu de 5,6% para 4,6% este ano. Por refletir os preços no atacado, o IGP-DI é mais sensível às variações do dólar.
Os dados apresentados no Boletim Macrofiscal são fundamentais para o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas, que será divulgado em 22 de julho. Publicado bimestralmente, este relatório fornece previsões para a execução orçamentária com base no desempenho das receitas e dos gastos do governo, sendo o PIB e a inflação variáveis-chave em seus cálculos. Com base no cumprimento da meta de déficit primário e do limite de gastos do novo arcabouço fiscal, o governo pode bloquear despesas não obrigatórias.